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Mapa de alagamento para usinas exige trabalho integrado

Publicado em 30 de setembro de 2024

Fundamental para segurança em eventos extremos, mapas de alagamento são extensos e exigem conhecimento técnico e integração entre diversos órgãos

O rompimento da barragem 14 de Julho, ocorrido no Rio Grande do Sul em maio deste ano, em meio a grande enchente que atingiu o estado, acendeu o alerta para a importância de se ter um mapa de alagamento de usina bem elaborado. Localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, a barragem era uma estrutura fundamental para a produção de energia elétrica na região e, ao romper, agravou ainda mais a inundação, resultando em deslocamento de famílias, danos materiais e impactos ambientais.

“O mapa de alagamento é peça primária para que outros sistemas de segurança possam ser acionados. Um bom mapa de alagamento faz com que os sistemas de segurança como sirenes, sinalizações, entre outras, sejam corretamente instalados, tornando o plano de emergência eficaz no caso de uma eventual contingência. Por outro lado, quando o mapa de alagamento não é preciso, acaba por sobre ou subdimensionar as áreas de atuação, e da mesma forma os recursos empregados”, explica o engenheiro eletricista Sérgio Luiz Cequinel Filho, diretor-técnico da Foz do Chopim/PCH Arturo Andreoli.

Usina Baixo Iguaçu

Segundo ele, na maioria dos casos a integração com sistemas de gestão de riscos é vital para uma resposta ainda mais rápida e eficiente para emergências, facilitando a criação de planos de evacuação e mitigação. “Isto auxiliará na melhoria da segurança, identificando áreas de risco com medidas preventivas. A vantagem de uma gestão integrada para desastres facilita na coordenação de ações entre diferentes autoridades e serviços de emergência, por meio de uma comunicação mais eficaz, procurando sempre informar a população sobre riscos e procedimentos a serem seguidos”, detalha. 

É importante que as usinas tenham um bom relacionamento com os órgãos públicos de proteção, implantando o Plano de Ação Emergencial (PAE). Um dos órgãos envolvidos é a Defesa Civil do município. “A Defesa Civil tem um papel importante no acompanhamento e no planejamento das usinas. Participa dos simulados com a população que está dentro do mapa de alagamento e também é da Defesa a responsabilidade de emitir os alertas e, caso necessário, proceder a evacuação da área”, explica o administrador, Jucelei Cesar Cardoso da Silva, coordenador da Defesa Civil de Cruzeiro do Iguaçu. 

“Frisa-se que as Defesas Civis Municipais precisam estar devidamente treinadas e equipadas para esses eventos, uma vez que a responsabilidade de atuação nessas áreas é uma parceria entre o empreendedor e estes órgãos. Como forma adicional entende-se que as barreiras físicas e sistemas de contenção podem proteger ainda mais contra inundações. O monitoramento contínuo com o uso de sensores e tecnologias para vigilância em tempo real, além de planos de emergência detalhados com instruções claras para evacuação e resposta e obviamente treinamentos regulares para uma melhor preparação das equipes para responder a desastres”, explica o engenheiro eletricista Emerson Luís Alberti, gestor de Ativos para a ELEJOR – Centrais Elétricas do Rio Jordão S.A.

Cruzeiro do Iguaçu é exemplo de município onde a questão é levada a sério. “Temos planos de contingência já preparados pela Defesa Civil para questões de desastres como vendavais, granizos, desmoronamentos e outros. E a questão das águas não é diferente. Temos um plano elaborado em conjunto com as usinas”, informa Cezar. O município abriga a Foz do Chopim, e as Usinas Hidrelétricas Viganó, Generoso e da Salto Osório. 

Informações técnicas essenciais para um mapa de boa qualidade

Central Geradora Hidrelétrica Chopim

Os mapas de alagamento, dentro de contexto inicial, geralmente são elaborados em função de rios que possuem barragens, em função da acumulação de água, rejeitos ou geração de energia. 

“São utilizadas informações técnicas da barragem, como material da estrutura, características de fundação, altura, comprimento, entre outros dados. Os valores são usualmente cruzados com os dados hidrológicos e em alguns casos, caso existam, também com informações do reservatório”, observa o engenheiro mecânico Luiz Fernando Maurício Filho, da Foz do Chopim Energética.

Ele explica que o objetivo está na simulação de vários cenários hipotéticos de enchentes, bem como colapso das estruturas de descarga como comportas, vertedouros e válvulas. 

“O modelo hidrodinâmico é gerado por todas estas informações, no qual são realizadas simulações computacionais com softwares específicos, dentre eles podemos citar o HEC-RAS – U.S. Army Corps of Engineers”, informa.

Sobre as metodologias mais utilizadas existem algumas mais relevantes, como a Modelagem Hidrológica e Hidrodinâmica, na qual se simula fluxos de água e áreas de inundação. Também a Análise de Frequência de Cheias, onde avalia a probabilidade de eventos extremos e os Levantamentos Topográficos e Batimétricos, que fornecem dados detalhados da superfície e dos corpos d’água. 

Somam-se, ainda, o Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, que utiliza imagens de satélite e drones para mapeamento e por último a Análise de Vulnerabilidade e Risco, que identifica áreas de maior risco e propõe medidas de mitigação. “Cabe ressaltar que todas as metodologias são adaptadas conforme o tipo de usina, considerando suas características específicas e potenciais impactos”, esclarece Maurício Filho.

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1 comentários em “Mapa de alagamento para usinas exige trabalho integrado

  1. Flávio Freitas Dinão disse:

    Muito boa a matéria, descreve a responsabilidade dos envolvidos, geradores, moradores a jusantes, defesa civil. Precisamos identificar em nosso estado as usinas que ainda não dispõe do mapa de alagamento e levar ao ministério público para que o realizem.

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