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Mercado em expansão

Publicado em 30 de setembro de 2024

Contrariando a expressão de que “o mar não está para peixe”, os rios e lagos do Paraná estão, sim, para peixe com a cadeia de produção de tilápia em ascensão

A cadeia da tilápia está em crescimento e o Paraná se destaca como maior produtor de peixes da espécie do Brasil, sendo a região Oeste a que mais concentra a produção. “É um mercado em franca expansão e que vai se tornar cada vez mais importante na participação da economia do Paraná”, avalia o engenheiro de pesca Taciano César Freire Maranhão, conselheiro do Crea-PR, assessor técnico do Pan Alto Paraná (Icmbio), Técnico da Regional de Bacia Hidrográfica em Toledo, do Instituto Água e Terra (IAT) e vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica Paraná 3.

O analista Edmar Wardensk Gervasio, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) é quem acompanha o desempenho da cultura no Paraná e consolida os dados que constam dos Boletins de Conjuntura Agropecuária do Paraná. E os números corroboram o bom momento da produção.

Em 2023, por exemplo, o Valor Bruto da Produção (VBP) aponta que o Paraná produziu 193,3 mil toneladas de peixe, deste total 91,9% foram de tilápia, com 177,5 mil toneladas. Quando comparado ao ano de 2022, houve um crescimento de 6%.

O dado de exportação de pescados também é animador: 20% de crescimento no Paraná no primeiro semestre de 2024 – 3,26 mil toneladas – contra 2,7 mil toneladas no mesmo período do ano passado. O montante financeiro nesse período também teve alta de 82%, chegando a US$ 16,3 milhões, contra US$ 8,9 milhões do primeiro semestre de 2023.

“Além de produzirmos pescados para atender o mercado doméstico, hoje o Paraná já exporta carne de tilápia para os Estados Unidos, principalmente. Apesar de ser um volume pequeno, a expectativa no médio prazo é que sejam abertos novos mercados e a exportação de tilápia ganhe referência a nível internacional”, afirma o analista do Deral, Edmar Gervásio. O Paraná já é líder brasileiro na produção de tilápia, seguido por São Paulo e Minas Gerais.

História

O engenheiro de pesca Taciano César Freire Maranhão acompanhou de perto o início de toda essa história. “Até a década de 80 a produção era economicamente inexpressiva, sendo extensiva e voltada ao abastecimento familiar, com comercialização somente na época da quaresma e limitando-se principalmente ao aproveitamento de barragens para fins de armazenamento de água para pecuária ou agricultura”, lembra.

Foi a partir da década de 80 que se iniciou no Estado um programa de fomento para construção de viveiros, produção e distribuição de alevinos e introdução de técnicas de manejo da produção.

Segundo ele, depois de duas variedades de tilápias do Nilo, a Universidade Estadual de Maringá desenvolveu por cruzamento e seleção a Tilápia Gift, que predomina ainda hoje. “A maior parte da produção ainda é de pequenos criadores, mas o Paraná já conta com cerca de 12 unidades particulares com produção superior a 150 milhões de alevinos/ano”.

Pescados

O valor bruto da produção paranaense de pescados, tanto de água doce quanto salgada, totalizou 2,06 bilhões de reais em 2023. Isto representa um crescimento de 27% quando comparado a 2022. O Núcleo Regional de Toledo é o principal produtor, com VBP de 1,08 bilhão, representando 52,7% do total estadual.

Processamento de tilápia da cooperativa Copacol

Exportação

O principal destino do pescado paranaense no exterior são os Estados Unidos, que concentram 98% das exportações. Foram US$ 15,9 milhões vendidos para o país, majoritariamente de tilápia, segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Na sequência aparecem o Canadá e Moçambique, na África. Deste total, 99% das 3,26 mil toneladas enviadas para mercados internacionais são de tilápia.

Cooperativas

O papel das cooperativas no fortalecimento e na liderança do Paraná foi essencial. Um dos exemplos é a Copacol, de Cafelândia, que foi a pioneira na integração de peixes e atualmente é autossuficiente na produção de alevinos com processamento anual de 42 milhões de peixes. 

Outro exemplo vem de Palotina, com a C. Vale que abate, por dia, 100 mil tilápias. “Como celeiro do cooperativismo no Brasil, o Paraná viu potencial latente na atividade e começou a incentivar o sistema de integração. A região Oeste, onde já existiam várias cooperativas focadas em proteína animal, foi o local que melhor se adaptou para a atividade”, afirma o analista Edmar Gervasio, do Deral. Tanto C. Vale quanto Copacol exportam semanalmente para os Estados Unidos, via transporte aéreo, cerca de 800 quilos de filé resfriado, produto com alto valor agregado.

Lei 11.959/2009 – Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e Pesca; Resolução CONAMA 413/2009 – Licenciamento ambiental da aquicultura; Decreto n.º 10.576/2020 – Cessão de uso de espaços físicos de corpos d’água da União para prática de aquicultura. São os estados e municípios que têm competência para efetuar o licenciamento ambiental da aquicultura, exceto em áreas específicas como áreas indígenas, fronteiriças e outros. 

Cadastro de Piscicultor e Registro no Órgão de Extensão Rural

Necessário cadastramento junto ao órgão de extensão rural e vigilância sanitária do município ou Estado, para emissão das guias transporte, documentos fiscais e atendimento às Instruções Normativas (IN):  IN MPA n.º 23 de 11/09/2014; IN n.º 4, de 4 de fevereiro de 2015; IN n.º 4, de 28 de fevereiro de 2019; Portaria n.º 19, de 4 de fevereiro de 2015; IN MPA n.º 23 de 11/09/2014; IN n.º 4, de 4 de fevereiro de 2015; IN n.º 4, de 28 de fevereiro de 2019 e Portaria n.º 19, de 4 de fevereiro de 2015. 

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