Plano de Rigging: Elevando com segurança
Planejamento é essencial na opração de movimentação de carga com guindaste móvel
Construção civil, agricultura e indústria são alguns dos setores que utilizam com regularidade guindastes no cotidiano do trabalho e este uso está cada vez mais intensivo, graças ao desenvolvimento e crescimento destas áreas. E cada operação com guindaste deve ter um planejamento formal e acompanhamento de um profissional habilitado.
“O objetivo do planejamento chamado de Plano de Rigging é otimizar os recursos envolvidos na operação, minimizar o tempo da operação e, o mais importante, prevenir acidentes. A obrigatoriedade da execução desse Plano consta em Normas Regulamentadoras, mas não há legislação específica que determine quais profissionais são responsáveis pela elaboração”, explica o engenheiro mecânico Leandro Diogo Appelt, conselheiro do Crea-PR.
Dados
Números de acidentes com operação de guindastes não são fáceis de levantar. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) monitora de forma geral os acidentes de trabalho, mas não há como separar especificamente os que envolvem guindastes. O que se sabe é que, segundo o próprio órgão, a maioria dos acidentes de trabalho no Brasil envolve máquinas e equipamentos.
Em 2022, o número total de acidentes de trabalho no país foi de 612,9 mil, uma média de 69 acidentes por hora ou 1,15 acidente por minuto, segundo o MTE em dados divulgados em matéria da Agência Brasil. Um dos últimos casos que ganhou repercussão nacional foi um acidente em fevereiro do ano passado envolvendo um guindaste no barracão de uma escola na Fábrica do Samba, em São Paulo, durante o içamento de peças de um carro alegórico. Quatro pessoas ficaram feridas.
São dados que mostram a importância do manejo correto do guindaste e de se tomar todas as medidas de segurança. “Para que tudo siga o planejado é necessária uma análise detalhada da carga a ser içada, dos equipamentos disponíveis, dos acessórios, das condições do terreno e das condições climáticas”, detalha Appelt.
Por tantos detalhes importantes, deve ser elaborado por um profissional especializado em movimentação de cargas, uma das profissões afetas ao Sistema Confea/Crea. “É essencial que se trate de um engenheiro. Os engenheiros mecânicos têm, por sua formação, bastante conhecimento para a função, afinal, são conhecedores de dinâmica, cinemática e estática, mecânica e resistência dos materiais. Além disso, todo içamento envolve uma máquina ou equipamento projetado, fabricado e com manutenção realizada por estes profissionais”, explica.
Segurança
Para garantir a segurança, Appelt ressalta a importância de se fazer a análise de risco. “É um passo fundamental para garantir a segurança e eficiência da operação de içamento de carga e possibilita identificar todos os possíveis perigos que podem surgir durante a operação como riscos como sobrecarga, instabilidade e interferência com outras estruturas ou equipamentos. Com base nesta análise, são desenvolvidas medidas de controle para diminuir ou eliminar riscos, o que pode incluir práticas de segurança adicional, como inspeção dos equipamentos, treinamento com os operadores, uso de dispositivos de segurança adicional e/ou mudança do cenário do local de trabalho”, explica Appelt, que tem experiência de anos à frente de empresa de locação de guindastes.
Aplicação e evolução tecnológica
Guindastes estão cada vez mais modernos, com avanços tecnológicos que tornam as aplicações ainda mais eficientes
Os guindastes modernos são fabricados e estão embarcados com tecnologia de ponta. “Incorporam precisões eletrônicas que proporcionam uma operação mais eficiente e segura. Controles intuitivos e sistemas automatizados não apenas simplificam o trabalho dos operadores, mas também elevam os padrões de precisão durante as movimentações”, observa o engenheiro mecânico Leandro Diogo Appelt, conselheiro do Crea-PR.
Ele lista algumas aplicações dos guindastes em setores importantes. Na construção civil, por exemplo, um guindaste de última geração é mais que uma ferramenta no canteiro de obras. “É uma peça-chave para a eficiência. Com capacidades de carga aprimoradas, não apenas erguem estruturas imponentes, mas também proporcionam mais segurança com sistemas avançados – como sensores de proximidade e alarmes automáticos -, reduzindo os riscos operacionais e garantindo um ambiente de trabalho mais protegido.
Na agricultura o destaque fica por conta da precisão. “Os guindastes modernos oferecem essa característica, sendo ferramentas valiosas na manipulação de cargas pesadas, equipamentos agrícolas e na construção de infraestrutura rural. Com capacidades de alcance e elevação otimizadas, esses guindastes contribuem para uma operação agrícola mais eficiente, garantindo o manuseio cuidadoso de insumos e produtos”, explica Appelt.
Segundo ele, em ambientes industriais, a movimentação eficiente de materiais é essencial. Os guindastes desempenham um papel central nesse processo, impulsionando a produtividade e a velocidade de operação. “A tecnologia de ponta incorporada nesses equipamentos não apenas facilita as tarefas diárias, mas também reduz o tempo de inatividade, maximizando o rendimento operacional”.
Necessidade do plano
Appelt reforça que a complexidade e frequência das operações determinam as necessidades dos projetos associados: operações complexas exigem projetos detalhados específicos, enquanto operações rotineiras podem ser cobertas por um único projeto utilizado repetidamente.
“Importante frisar que mesmo em operações simples de içamento, é crucial dispor de um projeto para fins de investigação de acidentes e perícia de Engenharia. A avaliação da natureza rotineira ou complexa da operação deve ser realizada por um especialista da área. Portanto, a legislação é clara quanto à obrigatoriedade do planejamento das operações”, conclui.
Normas regulam o planejamento e uso de guindastes
• NR 11 – Traz normas de segurança para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras.
• NR12 – Em item específico (12.132) estipula a necessidade de planejamento das operações envolvendo riscos de acidentes de trabalho em máquinas e equipamentos. Esse planejamento deve seguir os procedimentos de trabalho e segurança, ser realizado sob supervisão e aprovação expressa de um profissional habilitado ou qualificado, desde que autorizado.
• NR18 – Aborda a implantação e operação de equipamentos de guindar, exigindo a elaboração de um documento denominado Plano de Cargas. Importante observar que esta norma serve apenas como referência, já que as diretrizes do seu Anexo III são direcionadas principalmente a guindastes de torre (gruas), os quais diferem significativamente dos guindastes móveis sobre rodas.
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