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Resgate Histórico: Torre das Mercês

Publicado em 1 de fevereiro de 2022

Ex-funcionários da Telepar contam, em vídeos, história da construção da Torre das Mercês, em Curitiba

Da esquerda para a direita: Eng. Eletric. Hatiro Tamaru; Eng. Civ. Renato Johansson; Eng. Civ. Marcelo Stival e Relações Públicas José Francisco Cunha

Quando o engenheiro civil Renato Johansson, ex-funcionário da Telepar, ia com os dois filhos adolescentes, Patrícia e Rafael, e com o filho menor, Felipe, munido de sua filmadora até a obra da construção da Torre das Mercês, não imaginava que os vídeos produzidos se tornariam um registro histórico. A obra da torre iniciou em 1989 com o objetivo de suportar as antenas de telecomunicações e dar mais segurança ao processo.

“Antes a telecomunicação do Paraná era toda centralizada no Palácio das Telecomunicações Presidente Costa e Silva – edifício sede da Telepar – também nas Mercês, mas isso gerava insegurança porque caso tivesse um problema lá todo o Paraná ficaria sem ligação interurbana, inclusive com o restante do país e do mundo porque a Embratel, que fazia a destinação destas chamadas, também estava interligada no mesmo prédio”, lembra Johansson, que trabalhou na parte de projeto, especificação e contratação.

A ideia de retirar as fitas VHS do baú e publicar a história em vídeos no You Tube veio de outro telepariano, como são conhecidos os ex-funcionários da estatal, o engenheiro eletricista Hatiro Tamaru. “Foi uma obra grandiosa e destaco o trabalho de todos os envolvidos. Independente do título ou função, cada participação foi fundamental”, conta. A Telepar foi privatizada há mais de 20 anos e, atualmente, é comandada pela Oi.

O relações públicas José Francisco Cunha, ex-telepariano, que trabalhou na estatal como gerente do Departamento de Comunicação Social, foi o responsável por reunir o material bruto de filmagem, fazer a edição, incluir os depoimentos e publicar os capítulos no seu canal do You Tube. “Foi um trabalho maravilhoso e que ainda terá continuidade”, antecipa.

“O que não se compartilha se perde. A iniciativa dos engenheiros e profissionais que participaram de uma obra única para a cidade é das mais louváveis. O documentário enriquece a história da torre e de Curitiba, perpetuando um trabalho que resultou no que é hoje parte intrínseca do perfil da cidade e um ponto turístico dos mais relevantes.
Viva quem conta nossa história!”
– Rafael Greca, prefeito de Curitiba

DESAFIOS

A torre tem 109,5 metros de altura, o que corresponde a um prédio de 40 andares, e para que tudo corresse bem à época, muitos foram os desafios e as tecnologias que precisaram ser empregadas.

A empresa licitada responsável pela obra foi a Dell’Acqua, de São Paulo. O engenheiro civil Marcelo Stival, ex-telepariano, destaca a questão da fundação. O resultado da sondagem do terreno mostrou que o lençol freático estava a pouca profundidade. Por isso, optou-se por fazer a escavação do solo com ar comprimido para evitar a infiltração da água no interior do buraco de 23 metros. A obra foi realizada de forma ininterrupta, com trabalho durante 24 horas, todos os dias. “Isso significa que os funcionários trabalhavam lá sob pressão para garantir que o espaço ficasse seco. Ou seja, tinham que entrar no buraco, no tubulão que chega a 23 metros, para verificar se o solo realmente estava seco”, recorda. Stival acompanhou diretamente a execução dos projetos da torre.

CURIOSIDADES SOBRE A OBRA

01. Como toda obra de grande porte, muitos fatos da construção acabam se perdendo depois do empreendimento entregue. Mas a memória dos engenheiros envolvidos traz à tona situações inusitadas que aconteceram na execução da Torre das Mercês. Entre elas, está o barulho gerado pela obra, principalmente pelos vibradores que retiravam bolhas de oxigênio da concretagem e o vai e vem dos caminhões, que gerou reclamações por parte dos moradores, situação que teve de ser administrada durante a construção.

02. Outro ponto curioso é que durante a cura do concreto é gerado calor e existia a preocupação de que fosse necessário resfriar os agregados – areia e brita – para não ter fissuras. “Nesse processo o clima de Curitiba nos ajudou porque dois dias antes da concretagem o clima mudou e esfriou e não foi necessário utilizar uma central de gelo para fazer o resfriamento”, explica Stival.

03. A construção do espaço panorâmico – que foi durante muitos anos o único ponto alto de contemplação 360 graus da cidade e importante ponto turístico da capital – também tem um fato envolvido em seu projeto. “Este espaço não estava previsto, mas foi uma exigência da prefeitura no momento em que se buscou a aprovação do alvará de construção”, recorda Johansson. Até hoje, o mirante é aberto à população e administrado pela Prefeitura de Curitiba.

04. Os engenheiros lembram que temiam subir a torre para as reuniões ou realizar as vistorias por conta de ter de subir inúmeros degraus com um mínimo de segurança.

05. Hatiro ainda guarda a ART 33.434, da época, que documenta a responsabilidade técnica da empresa perante o Crea-PR, e que agora é um documento histórico. Ele conta que a inauguração foi marcada para o dia 17 de dezembro de 1991, no período da noite, e os vidros da plataforma panorâmica estavam posicionados de tal forma, que não permitiam que se visualizasse o exterior. “Solucionamos colocando uma iluminação para garantir que os convidados pudessem contemplar o exterior”, compartilha e brinca: “imagina a inauguração de um espaço panorâmico acontecendo e os convidados só vendo a si mesmos refletidos nos vidros.”

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4 comentários em “Resgate Histórico: Torre das Mercês

  1. José Francisco Cunha disse:

    Primoroso trabalho de divulgação, documentando a história da construção da Torre Mercês – Curitiba – aos anais da história. Parabéns! à Editoria da Revista, em especial à Jornalista Patrícia.

  2. Romeu José Paludo disse:

    Nós trabalhávamos com orgulho naquela empresa. Desafios e distâncias a vencer, pois, o “paranazão” é grande.
    066370.

  3. Marilia Zaidowicz disse:

    legal!

  4. AMAURI ARAUJO REGO CREA/ PR 3.701-D disse:

    Participei desta grande obra liberando as tensões admissíveis do solo em cada base alargada dos tubulões à ar comprimido das fundações da torre.

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