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Eng. Hídrico e Hidrogeólogo trabalham pelo uso consciente da água

Publicado em 2 de março de 2023

Em 22 de março é celebrado o dia destes profissionais da Engenharia e da Geologia, que atuam na análise e monitoramento do bem mais importante para a vida no planeta

No último trimestre de 2021, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou que os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste, que geram 70% da energia do país, operavam com apenas 19,59% da capacidade. Segundo o ONS, trata-se da pior crise hídrica registrada no Brasil, em 91 anos de monitoramento das bacias hidrográficas do país. Muita gente não sabe que o monitoramento é de responsabilidade dos engenheiros hídricos, modalidade relativamente nova e com suas funções regulamentadas pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), de acordo com a Resolução nº 492, de 30 de junho de 2006.

O Dia do Engenheiro Hídrico e do Hidrogeólogo é comemorado no dia 22 de março, mesmo dia em que é celebrado o Dia Mundial da Água. Não se trata de uma coincidência. Esses profissionais carregam a responsabilidade de gerir o bem mais precioso do planeta. Além do monitoramento das bacias, os engenheiros hídricos atuam em setores ligados à produção de energia elétrica.

No Estado do Paraná, atualmente, há seis engenheiros hídricos registrados. E um hidrogeólogo: Abdel Hach, geólogo, especialista em Hidrogeologia e Geotecnia e conselheiro do Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná). Ele aponta que o Dia Mundial da Água foi instituído pela ONU para ressaltar a importância da preservação dos recursos. O Brasil tem a maior reserva hidrológica do planeta (12% da água doce), com destaque para os aquíferos Guarani (localizado no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina) e Alter do Chão, na região amazônica.

Hach trabalha na iniciativa privada, no setor de extração de água em profundidades, por meio de poços artesianos, para consumo, irrigação e aplicações industriais.

“Os profissionais da Hidrogeologia avaliam a viabilidade do consumo consciente da água, tanto na superfície, subsuperfície e em profundidades. São responsáveis também por dimensionar o volume de água a ser explorados sem prejudicar o ambiente”, explica Abdel Hach.

O especialista ressalta que a crise hídrica é um sinal de alerta e que ações para preservar as reservas de água devem acontecer em longo prazo. “A água dos aquíferos é muito antiga, de milhões de anos. A água das chuvas penetra no solo até chegar nos aquíferos. A recarga é bastante lenta. A água é um bem da humanidade e circula pelo planeta, sem fronteiras. Temos que pensar de maneira global para a preservação desse recurso, de maneira sustentável e consciente”, frisa Hach.

Atualmente, Abdel Hach é o representante do Crea-PR no Comitê Estadual de Segurança de Barragens do Paraná, ligado à Coordenadoria Estadual da Defesa Civil.

Recursos hídricos

A água não está relacionada apenas à vida das pessoas, mas também à economia. No Brasil, as hidrelétricas são a principal fonte de energia elétrica. Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cerca de 67% da energia gerada vem de fontes hidráulicas. A falta de chuvas afeta os reservatórios das hidrelétricas, reduz a produção de energia e leva ao aumento do uso de usinas termelétricas – e à elevação no custo da geração de energia para os consumidores.

A engenheira hídrica Josiane Mendonça Simão atua em uma empresa com sede em Maringá que presta serviços de análise e monitoramento para cerca de 200 empreendimentos hidrelétricos no Brasil, entre Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Usinas Hidrelétricas (UHE).

Josiane é responsável pela análise e validação dos dados coletados em campo por técnicos hidrometristas. “Há uma relação direta entre monitoramento e a produção de energia. A partir dos dados de vazões, é possível fazer previsões de geração de energia, extremamente importantes para os concessionários”, pontua a engenheira. Os relatórios também são enviados para a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Alguns dos reservatórios monitorados são de usos múltiplos, ou seja, também utilizados para captação de água para consumo. “O monitoramento, nesses casos, serve para identificar quando o reservatório está muito baixo e o que prevalece é o uso para consumo”, explica Josiane.

Segurança

O monitoramento ainda está atrelado à segurança. No caso de excesso de chuvas, é preciso controlar o volume de água nos reservatórios. “É preciso evitar que a água ultrapasse o barramento e, ao mesmo tempo, controlar a vazão. Não se pode abrir uma comporta e liberar de uma vez, pois pode colocar em risco a vida de comunidades próximas. O monitoramento em tempo real possibilita fazer a liberação de forma gradual”, completa a engenheira.

A segurança dos projetos relacionados à infraestrutura também está ligada aos engenheiros hídricos. Nelson Pereira de Castro, por exemplo, é gerente da área de recursos hídricos de uma multinacional com foco no atendimento dos setores de energia, desenvolvimento urbano e infraestrutura hídrica, atuando em todas as regiões do Brasil, inclusive no Paraná.

O engenheiro hídrico Nelson trabalha com modelagens hidrodinâmicas. Utilizando softwares de alto desempenho como ferramentas, ele monta cenários e simula condições prováveis para estruturas hidráulicas, como barragens de mineração e de produção de energia elétrica.

“Com os softwares de modelagens, por exemplo, é possível simular as condições de vertedouro de uma barragem de mineração e verificar se o que foi dimensionado suporta a vazão de projeto, atribuindo maior confiabilidade aos empreendimentos. São ferramentas que permitem realizar avaliação atual e futura de projetos existentes e de novas estruturas, contribuindo assim com a segurança do empreendimento, da população e do meio ambiente”, comenta Nelson.

A modelagem hidrodinâmica também pode ser aplicada no diagnóstico de recursos hídricos. Nelson gerencia contratos para verificação do potencial de abastecimento de determinadas bacias hidrográficas. Os profissionais vão a campo para cadastrar nascentes e realizar medições de parâmetros físico-químicos. “Em contratos assim, trabalhamos de forma interdisciplinar em conjunto com profissional hidrogeólogo, para análise da água subterrânea”, finaliza o engenheiro hídrico.


Saiba mais sobre a Hidrogeologia

Fonte: Guia das Profissões

O que é a Hidrogeologia

A Hidrogeologia é um ramo das Ciências da Terra ou das Geociências que ajuda a perceber vários aspetos essenciais para assegurar o bom aproveitamento dos recursos hídricos.

No fundo, o papel desta área científica é proteger os depósitos subterrâneos de água.

Por outro lado, é preciso saber que as características dos aquíferos são influenciadas por vários aspetos, incluindo o tipo de rocha, e isso determina a forma como a água que armazenam se comporta. Desta forma, é preciso adequar técnicas de perfuração diferentes para captar as águas.

Assim, o Hidrogeólogo pode atuar em várias vertentes desta ciência que também se preocupa com o estudo da contaminação mineira das águas subterrâneas. Além disso, tem de apresentar soluções para reduzir esse tipo de impactos negativos nos aquíferos.

Áreas da Hidrogeologia

Hidrodinâmica – estuda a componente dinâmica das águas subterrâneas
Geohidrologia – lida com a circulação das águas subterrâneas pela Terra e das suas relações com o meio ambiente
Hidroquímica – dedica-se à vertente química das águas subterrâneas
Litohidrologia – dedica-se às propriedades aquíferas das litologias vários tipos de rochas (ou litologias)
Hidrogeoquímica – concentra-se nas relações químicas entre as águas subterrâneas e as rochas
Metodologia Hidrogeológica – aplica princípios da Hidrogeologia para a exploração de águas subterrrâneas.
Hidrogeomecânica – analisa as forças que atuam sobre as águas subterrâneas e as reações resultantes
Mineira – tenta evitar que as águas subterrâneas afetem as operações das minas (por exemplo, com inundações).

O que faz um Hidrogeólogo

Um Hidrogeólogo é um guardião essencial do ambiente, pois a sua atuação pode ser fundamental para proteger os recursos hídricos do planeta.

Assim, o seu papel é estudar a qualidade, a distribuição e o volume das águas subterrâneas. Já o Hidrologista está focado nas águas à superfície.

A Hidrogeologia interpreta dados históricos, bem como mapas, para conhecer o fluxo das águas subterrâneas.

Além disso, faz investigações com amostras e medições para prever tendências futuras, por exemplo quanto aos impactos na qualidade das águas.

Deste modo, a proteção dos aquíferos e a gestão dos recursos hídricos subterrâneos são os principais pilares do trabalho dos Hidrogeólogos.

Nesse processo, tem de caracterizar os sistemas aquíferos, fazendo a sua análise qualitativa e quantitativa. Repara que são os cálculos que fundamentam projetos, sejam ambientais ou económicos.

O Hidrogeólogo também deve apresentar estratégias para aproveitar e proteger os aquíferos. Mas tem igualmente que resolver problemas associados aos recursos hídricos e ao ambiente.

O seu trabalho pode ser tanto de apoio a atividades de mineração como de intervenção na agricultura, para assegurar os recursos hídricos necessários para a Rega.

Mas também pode abranger outras atividades económicas. Portanto, é uma área bastante abrangente.

Quais as suas funções

Os profissionais de Hidrogeologia usam os saberes gerais de Geologia para entender como é que os tipos de rochas influenciam as águas subterrâneas.

Mas é um tipo de trabalho que pode envolver várias áreas científicas, pelo que os Hidrogeólogos podem trabalhar com outros profissionais como Geólogos, Ecólogos e Engenheiros Ambientais, entre outros.

As suas funções podem passar por um campo mais investigativo, com estudos Hidrogeológicos, por exemplo, sobre a contaminação de aquíferos.

Mas também podem estar mais relacionados com o planeamento, no âmbito da gestão de recursos hídricos ou da apresentação de medidas para a sua proteção.

Além disso, podem implicar um trabalho mais interventivo ao nível da análise e identificação dos aquíferos, ou no âmbito da intervenção em projetos de captação de água.

Para teres uma ideia mais concreta sobre o que faz um Hidrogeólogo, espreita as seguintes funções que podem ser realizadas nesta profissão:

  • Identificar diferentes tipos de aquíferos
  • Fazer projetos de perfuração
  • Projetar poços de água
  • Monitorizar recursos hídricos e furos de captação de água
  • Propor soluções para reduzir impactos ambientais
  • Ensaios de Caudal
  • Sistemas de bombagem de furos
  • Caracterização de aquíferos
  • Inventariar pontos de água
  • Ler mapas e dados geográficos
  • Analisar informações históricas
  • Usar modelos de computador para organizar e entender os dados
  • Fazer trabalho de campo
  • Recolher amostras de água
  • Medir os fluxos de água dos aquíferos
  • Escrever relatórios técnicos
  • Dar informações a clientes e/ou ao público.

Onde estudar Hidrogeologia

A Hidrogeologia surge como uma cadeira em graduações nas áreas da Geologia e da Engenharia Geológica. Contudo, não existem muitas graduações específicas nesta área.

Assim, o caminho da formação passa, muitas vezes, por fazer graduações em Geologia, Ciências Ambientais e Geografia, entre outras. A Física também pode ser uma área interessante de formação.

Mas, para lá disso, precisas de tirar especializações em Hidrogeologia ou em gestão de água e de recursos hídricos.

*Nota: As atribuições permitidas a cada título profissional constam em legislação. Se houver dúvida, consulte o Crea de seu estado.

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