O Geoprocessamento na SEDU/PARANACIDADE
Por Cristiano Zaclikevicz, Evemar Wernick e Fabiano Coelho dos Santos
Em 30/07/1996, através da Lei n.º 11.498/96 (atualmente Lei n.º 15.211/2006), foi criado o PARANACIDADE, com a finalidade de “prestar assistência institucional e técnica aos Municípios, desenvolver atividades dirigidas à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico e social e de captar e aplicar recursos financeiros no processo de desenvolvimento urbano e regional do Estado do Paraná”. Neste momento, foi extinta a autarquia Instituto de Assistência aos Municípios do Paraná – FAMEPAR.
O desenvolvimento urbano e regional sempre foi prioridade no PARANACIDADE, e a cartografia e o geoprocessamento são ferramentas essenciais para o planejamento territorial.
Como consequência, foram executadas bases cartográficas em escala compatível com a necessidade de detalhes territoriais para desenvolvimento de estudos e ações de planejamento. Durante a década de 90, o PARANACIDADE executou 132 levantamentos cartográficos planialtimétricos digitais, na escala 1:2.000, priorizando os maiores municípios, excluindo-se Curitiba. As bases foram executadas sob rigoroso controle de qualidade dos Engenheiros Helder Guimarães, Ricardo Mueller e Virgínia Nalini. Essas bases representavam cerca de 75% de toda a área urbana do Estado do Paraná. Na época, poucos computadores conseguiam abrir uma base cartográfica integrada de um município médio ou grande e, por isso, os arquivos precisavam ser divididos por folhas (pranchas) e por bairros. Cada arquivo contém mais de 100 camadas de informações.
A partir deste momento, com um vasto material cartográfico disponível para uso, surgiu a necessidade de análises mais avançadas. Foi aí o início do desenvolvimento do Geoprocessamento no PARANACIDADE, quando a Secretaria de Estado do Desenvolvimento do Paraná (SEDU/PR) integrou em seu quadro técnico como Coordenador de Geoprocessamento, o Arquiteto Sergiusz Sikorski[1].
Ainda em 1996, com o auxílio do Engenheiro Odinei Franco Lisboa (IPPUC/PR), foi criado o primeiro modelo de dados para geoprocessamento para a SEDU/PR. Esse modelo acabou não sendo implementado por falta de infraestrutura computacional (ainda não disponível totalmente naquela época) e financeira.
No ano de 1997, o PARANACIDADE, em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), fez a primeira digitalização da divisão territorial dos municípios do Paraná. A digitalização dos polígonos foi feita em CAD, utilizando as bases cartográficas do PARANACIDADE e da COPEL/IBGE/DSG.
O passo seguinte foi a definição de um ambiente de software para SIG (Sistemas de Informações Geográficas). Foram analisadas as plataformas existentes na época – comerciais e softwares livres, tais como: ArcView/ArcInfo (ESRI), MapInfo (Precisely), GeoMedia (Intergraph), Autodesk World (Autodesk), Maptitude (Caliper), DBMapa (Maxidata), SPRING (INPE), dentre outros. Os critérios principais eram o preço e as funcionalidades. Também foi levado em consideração o uso em outras secretarias estaduais. Neste quesito, destacaram-se o ArcView/ArcInfo e o DBMapa. Acabamos optando pelo ArcView/ArcInfo.
Começamos os estudos sobre organização e modelagem de dados para uso municipal.
No final de 1997, foi desenvolvido um novo modelo de dados, desenvolvido com o auxílio do Engenheiro Flávio Yuaça (Comdata/GO), utilizando como base a arquitetura ArcView. Esse novo modelo, priorizava descrever as entidades municipais.
Começamos a utilizar as bases cartográficas para a criação do SIG no PARANACIDADE. A primeira atividade foi digitalizar os eixos de vias (segmentos de logradouros) e a inclusão de informações como nomes de vias e, posteriormente, dados sobre a infraestrutura (pavimentação). Em cerca de um ano e meio concluímos essa operação.
Desde 1998 o PARANACIDADE exige que os Planos Diretores financiados pela entidade tivessem nas suas Leis de Perímetro Urbano, a descrição da poligonal com as coordenadas UTM dos vértices, auxiliando na precisão da delimitação entre o urbano e rural, permitindo a correta tarifação nos serviços públicos (água, energia elétrica etc.).
Em 1998 foram iniciados os primeiros passos concretos na implantação do geoprocessamento no PARANACIDADE. Sergiusz Sikorski desenvolveu o ‘Fluxo de Interação no Geoprocessamento’, que definia a base para a utilização das informações e dados existentes e sua atualização contínua, para a utilização prática em um Sistema de Informações Geográficas, conforme figura abaixo.
Neste ano, o PARANACIDADE realizou treinamento prático sobre como utilizar a mesa digitalizadora para a digitalização/georreferenciamento das plantas cadastrais para cerca de 20 municípios.
Em 1999, o geoprocessamento do PARANACIDADE auxiliou os estudos para o Projeto ‘Gestão por Resultados[2], fornecendo dados territoriais e análises geográficas. Essa experiência inovadora no Brasil, desenvolvida pelo Eng. Roberto Brandão, José Adolfo Barbosa (Consultor do PNUD – BRA/99/001) e vários técnicos do PARANACIDADE. Tinha como objetivo comparar resultados de todas as contas e despesas em equipamentos urbanos do município, de forma a estabelecer análises de performance administrativa e prover um melhor equilíbrio financeiro. O Projeto foi selecionado e categorizado como uma boa prática, no Concurso de Boas Práticas[3], patrocinado por Dubai no ano 2000.
De 7 a 10 de maio de 2000, foi realizado um evento[4] de troca de experiências na área de geoprocessamento no distrito de Faxinal do Céu, no município de Pinhão/PR, sendo convidados os técnicos de todos os 399 municípios do Estado do Paraná. Neste evento, além de palestras e trocas de experiências entre prefeituras e diversos órgãos do Estado, tiveram dois workshops, em forma de minicursos gratuitos em AutoCAD e ArcView, para que os técnicos municipais tirassem dúvidas sobre como utilizar as bases cartográficas municipais. Neste evento teve a participação do Secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano Lubomir Ficinski, acompanhado por membros de uma missão do Banco Mundial e por representantes do Banco nos Estados Unidos, Paquistão, Georgia, Espanha, Argentina, Bolívia, Índia e Brasil.
Veja aqui o artigo completo com toda a trajetória do PARANACIDADE nesses 25 anos de história.
[1] Sergiusz Romuald Sikorski, polonês naturalizado brasileiro, foi o Coordenador do Setor de Geoprocessamento no IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba), quando da criação na década de 80, e se tornou referência internacional em geoprocessamento – com diversas publicações, artigos e participações em livros e seminários nacionais e internacionais sobre o assunto.
[2] https://mundogeo.com/2000/04/02/paranacidade-ajuda-municipios-na-implantacao-de-geosolucoes/
[3] http://habitat.aq.upm.es/dubai/00/bp263.html
[4] https://mundogeo.com/2000/06/01/paranacidade-organiza-encontro-de-geo/
Deixe seu comentário
A Vida em primeiro lugar: A Relevância da Segurança do Trabalhador no Abril Verde
27/11 – Dia do Engenheiro e do Técnico de Segurança do Trabalho
A importância do relacionamento humano dentro da engenharia
A engenharia e a geopolítica energética
A Ponte de Guaratuba e a importância da Engenharia
Quadros profissionais impulsionam o desenvolvimento sustentável dos municípios
A Micro e Mini Geração Distribuída Aumenta a Tarifa?
A engenharia no ICMS ecológico do Paraná
Abril Verde: prevenção, segurança e saúde no trabalho
Qualidade e desempenho habitacional: responsabilidades jurídicas
VER Artigos