Mais recente padrão tecnológico para serviços móveis permite aplicações inovadoras 

Todas as capitais brasileiras e o Distrito Federal devem ter o 5G – novo padrão tecnológico para serviços móveis – operando até 31 de julho de 2022. E 12 das 26 capitais brasileiras (mais Distrito Federal) já estavam totalmente prontas – tanto em infraestrutura quanto em legislação – para receber o 5G em janeiro deste ano, segundo dados do Ministério das Comunicações.

O 5G tem três modos de uso:

• Banda Larga Móvel Avançada – altas velocidades de download e upload, provendo as necessidades do usuário convencional;

• Controle de Missão Crítica – conexão com baixíssima latência e altíssima confiabilidade voltada para aplicações sensíveis a erros como controle remoto de maquinário industrial, carros autônomos, cirurgias remotas, entre outras;

• Internet das Coisas Massiva (IoT), que irá a um novo patamar com alta cobertura e baixo consumo de bateria, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). 

A nova tecnologia “vai atender a tudo aquilo que tanto se espera de um serviço móvel de internet com agilidade maior e tempo de espera menor”, explica o Engenheiro Eletricista Fernando Felice, conselheiro do Crea-PR.

Os benefícios são amplos. “Teremos avanços tecnológicos, melhorias na velocidade tanto para os usuários da rede de telefonia móvel quanto para áreas como segurança pública, telemedicina, cidades inteligentes, veículos autônomos, automação industrial, automação agrícola, entre muitas outras áreas”, conta o Engenheiro Eletricista Ricardo Toyama, também conselheiro do Crea-PR. 

A tecnologia 5G é flexível, sendo uma das funcionalidades previstas a network slicing ou “fatiamento de rede”, adaptando-se de acordo com a aplicação utilizada. Isso significa que a infraestrutura de rede será em várias fatias permitindo às operadoras disponibilizar em uma mesma estrutura várias redes com diversas características e desempenho. Estes segmentos serão então como que “personalizados” para os usuários.

Ambos os entrevistados e mais o Engenheiro em Eletrônica, Tibiriçá Krüger Moreira e o Engenheiro Eletricista Fernando Nunes Patrício, também conselheiros, lançaram no ano passado um Caderno Técnico sobre o assunto.

Visão mundial

Lançado no mundo no final do ano de 2018, a estimativa é que as conexões 5G ultrapassem1 bilhão em 2022 e 2 bilhões em 2025. Até o final de 2025, o 5G será responsável por mais de um quinto do total de conexões móveis e mais de duas em cada cinco pessoas no mundo terão ao alcance uma rede 5G. 

Os dados constam no Relatório de Economia Móvel 2022, da GSMA, associação mundial das empresas que atuam no segmento móvel. Segundo a associação, o crescimento é sem precedentes, superando o 3G e 4G comparando-se o período de 18 meses após o lançamento.

Desafios para implantação no brasil

Está previsto um cronograma para implantação do 5G no Brasil com término em julho de 2028 (ver arte) começando pelas capitais e terminando nas cidades menores, de 30 mil habitantes. “O desafio é de infraestrutura. O 5G precisa de mais antenas e novos equipamentos porque atua em uma frequência maior. Também existem questões burocráticas a se vencer, entre elas, as legislações municipais para atender às necessidades da nova tecnologia”, explica o Engenheiro Eletricista Fernando Felice que atua na área há mais de 35 anos e acompanhou da implantação de sistemas de telecomunicações desde a primeira geração – 1G.

O leilão para exploração e oferta do 5G, foi realizado em novembro do ano passado e também prevê que as empresas que arremataram as concessões também devem ampliar para 100% do Brasil a cobertura do padrão atual, o 4G.

E segundo matéria da Agência Brasil sobre o assunto, é o Decreto nº. 10.480 de 2020 que detalha a expedição de licenças para que as operadoras possam realizar a instalação da rede. A instalação das novas antenas do 5G difere das tecnologias anteriores, já que necessitam de densidade maior de replicadores de sinal. Os grandes centros urbanos terão uma antena para cada 100 mil habitantes – número 10 vezes maior do que o que se usa atualmente no padrão 4G. 

Já a responsabilidade de fiscalização e regulamentação das antenas que serão instaladas em todo o Brasil é da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que participará de todo o processo de transição da atual rede de antenas para o novo padrão.

Neste contexto, cada prefeitura, explica o conselheiro Felice, tem autonomia para definir essa legislação e deve atualizar suas leis. “Para evitar que isso se torne um entrave na implantação do novo sistema o Crea-PR, por meio da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica (CEEE), se coloca à disposição das prefeituras do Paraná para dar assessoria técnica necessária”, afirma. 

Caso o poder municipal tenha interesse basta protocolar a solicitação no site do Crea-PR em Formulários online > Sou leigo > Outras solicitações > Consultas diversas. 

5G e as novas oportunidades profissionais

Com a tecnologia 5G em funcionamento nas capitais brasileiras ainda este ano, novas oportunidades também surgem no mercado de trabalho. “Todos os profissionais da área de tecnologia serão beneficiados porque surgirá uma demanda em oferta de serviços seja de informática, startups, aplicativos, entre outros”, prevê o Engenheiro Eletricista Fernando Felice, conselheiro do Crea-PR.

De acordo com estimativas da Conexis – que reúne empresas de telecom, e da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) – a expectativa é de criação de 50 mil empregos formais ainda em 2022. E isso somente nas empresas de telefonia.

Os investimentos mais amplos em toda a rede da nova tecnologia devem gerar mais de 670 mil vagas nos próximos três anos. E, segundo a Brasscom, o que se espera destes novos profissionais é que saibam lidar com dispositivos digitais, com robôs e sistemas de medição.