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Certificações na construção civil 

Publicado em 30 de abril de 2022

Construções mais sustentáveis – Profissionais precisam estar atentos às novidades e buscar conhecimento 

A construção civil é parte importante no processo de busca de sustentabilidade com colaboração significativa na descarbonização do planeta. “Hoje, os edifícios respondem por quase 40% das emissões globais, e a construção em todo o mundo não está diminuindo: o equivalente a Paris é adicionado em espaço físico a cada cinco dias e, até 2060, espera-se que o estoque atual de edifícios dobre. Se continuarmos construindo edifícios da mesma forma, a contribuição do setor para as emissões globais será de cerca de 50% até 2050, em comparação com os níveis de 2015”, alerta documento do Green Building Council (GBC), que participou da COP26 para posicionamento da certificação LEED, uma das mais adotadas no Brasil. A COP26 aconteceu no ano passado, em Glasglow, Escócia.

O Engenheiro Ambiental João Vitor Gallo destaca os vários benefícios, além dos ambientais. “Quando falamos de sustentabilidade na construção civil, o que se busca é performance, otimização de processos, economia de materiais, eficiência de equipamentos e sistemas. Isto desde a parte construtiva até toda a tecnologia embarcada em um edifício”, destaca.

A GBC também destaca benefícios: “sabemos que os edifícios melhores são uma solução climática prontamente disponível: temos as tecnologias; as melhorias se pagam em custos reduzidos de energia e água, bem como vantagens mais difíceis de monetizar, como melhor saúde e produtividade; e edifícios sustentáveis também resistem melhor a condições climáticas extremas, para manter as operações e reduzir os riscos”, afirma a entidade.

Segundo o engenheiro, quando se fala em certificação de sustentabilidade na construção civil, a mais amplamente difundida é o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), ferramenta que aborda a edificação por inteiro, desde o projeto até a construção final e a manutenção.

Mas existem muitos selos e certificações como o AQUA-HQE, Selo Casa Azul e Procel Efifica, certificação EDGE, entre outras. “Construímos prédios de forma similar há muito tempo com pouca evolução, melhorando, mas ainda de forma muito lenta. Então quando falamos em sustentabilidade pensamos em edifícios planejados desde o início para performance térmica, lumínica e acústica”, evidencia.

O papel do profissional

O tema não é novo, mas os selos e certificações em sustentabilidade na construção civil nem sempre são dominadas pelos profissionais envolvidos no processo. “Atualmente temos no mercado uma certa escassez de profissionais realmente qualificados, que buscam se aperfeiçoar na questão da sustentabilidade por meio de cursos e conhecimento de softwares avançados”, avalia o Engenheiro Gallo. 

E, segundo ele, para buscar a certificação todos os profissionais envolvidos na obra devem dominar os conceitos. Por exemplo, o engenheiro mecânico precisa buscar a eficiência no desenvolvimento do sistema de ar condicionado por meio de atualizações, normas recentes e softwares para simular o comportamento térmico do edifício. “E assim, todos os envolvidos devem ter em mente os pré-requisitos para se chegar a um edifício certificado”, destaca.

Existem, segundo o Engenheiro, diversos cursos disponíveis. O Green Building Council Brasil promove cursos e também palestras sobre LEED. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) também oferece especializações e algumas pós-graduações da área de arquitetura sustentável também abordam o tema. 

De forma geral, no Brasil, “alguns profissionais já estão familiarizados aos conceitos do LEED, que são mais rigorosos e as incorporadoras têm contratado consultorias de sustentabilidade para ajudar a equipe de projetos a atender aos preceitos”, explica Gallo, que integra o grupo de trabalho para definição da primeira regulamentação para reuso de água no Paraná.

Dados nada sustentáveis

Uma matéria publicada no Correio Braziliense em janeiro deste ano apresenta alguns dados que mostram a importância de se buscar sustentabilidade no setor da construção civil. O consumo de energia da construção civil representa 36% do total mundial, é responsável por 38% das emissões de carbono e utilização de 50% dos recursos naturais. Os dados são do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que aponta um crescimento de 100% até 2060.

Podemos ter noção da nossa realidade brasileira por meio de um estudo da Universidade de São Paulo (USP), que mostra que 8% de tudo que é produzido em uma obra vira desperdício. O setor gera de 35% a 40% de todo o resíduo gerado nos grandes centros. A estimativa é de que as obras geram perto de 400 quilos de entulho por habitante (quase igual ao de lixo urbano), sendo que boa parte das sobras (tijolos, argamassa e outros) não são reciclados ou descartados adequadamente.

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