O papel das Engenharias, Agronomia e Geociências na preservação da água
Além de consumo e desperdício de água, é importante falar sobre qualidade
A oferta de água limpa e saneamento figura entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU e o imenso desafio de fazer chegar às pessoas um recurso que é essencial para viver. Hoje, uma em cada três pessoas no mundo ainda não têm acesso à água potável. Mais da metade da população vive sem saneamento adequado, o que representa 3 bilhões de homens, mulheres e crianças sem instalações básicas. Dentro deste cenário, a Engenharia tem papel importante na correta exploração da água.
A crise hídrica despertou em diversas partes do Brasil e do mundo a importância da Engenharia em projetos sustentáveis. No Brasil, apesar da fartura de recursos – 12% do total de água doce da superfície do planeta está no país – um relatório do Ministério das Cidades aponta que aproximadamente 41% de toda a água tratada é desperdiçada por vazamentos nas tubulações, ligações clandestinas e erros de medição. Por esse motivo, as fiscalizações para constatar a presença de profissionais habilitados e, portanto, com expertise para executar a atividade, são muito importantes. Um levantamento do Crea-PR aponta que em 2020 foram realizadas no estado 3.432 fiscalizações de atividades técnicas das Engenharias, Agronomia e Geociências relacionadas a esse recurso. Nos meses de janeiro e fevereiro (QUAIS MESES?), já foram registradas 454 fiscalizações desta natureza.
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Um dos motivos para os altos números está no fato da construção civil seguir em atividade, mesmo durante a pandemia. Além disso, o número de perfuração de poços para uso particular triplicou. De acordo com o geólogo João Horácio Pereira, gerente de Hidrogeologia da Sanepar, existe uma ideia errada de que com a perfuração de poços haverá água em abundância e com boa qualidade de consumo. “As pessoas esquecem que a água dos poços não é cobrada, mas a coleta e o tratamento do esgoto sim. Além disso, nem todos tomam cuidado na hora de contratar empresas para perfuração”, destaca Pereira, que ressalta a importância de seguir as normas construtivas e a participação de um geólogo habilitado capaz de auxiliar no local do poço e na qualidade da água encontrada.
O geólogo Cláudio Augusto Correa Neme, que representa a Câmara Técnica de Geologia e Minas de Apucarana, reforça que não basta falar de consumo e desperdício apenas pensando em quantidade, mas também na qualidade. “A contaminação por produtos químicos, derivados de petróleo, agrotóxicos e material biológico é muito expressiva, sem adentrar aos nanoplásticos, que são um tema ainda pouco estudado. A Geologia Ambiental se aplica em compreender de modo amplo estas interações entre a natureza e o homem”, conta Neme.
Contribuição na prática
Hoje, a Engenharia continua sendo engrenagem para muitas mudanças relacionadas ao desenvolvimento sustentável. “Todas as engenharias podem contribuir na manutenção da água. Os processos produtivos, sejam da construção civil, mineração, metalurgia, química ou agronomia devem ser analisados e repaginados em função do ciclo de consumo de água. A ANA (Agência Nacional de Águas), CPRM (Serviço Geológico do Brasil) EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e os órgãos ambientais estaduais (IAT no Paraná) e outros, convergem para coibir o uso inadequado das águas e a contaminação dos rios e aquíferos”, afirma Cláudio Neme.
No que diz respeito aos engenheiros ambientais, a engenheira Heloisa Pontarolo, presidente da Associação Centro Sul Paranaense dos Engenheiros Ambientais (ACSPEA), destaca o papel destes profissionais, que atuam com foco no saneamento, preservação de recursos hídricos, tratamento e lançamento adequado de efluentes industriais e esgoto doméstico, disponibilidade e potabilidade da água. “Trabalhamos em vertentes para melhor eficiência de processos na redução de consumo de água, redução de contaminação de lençóis freáticos e preservação dos rios, garantindo um número menor de fontes de poluição que possam afetar os recursos naturais”, avalia Heloisa.
Futuro
Para o geólogo João Horácio, a Hidrogeologia é uma área em expansão. Ele ainda destaca a importância do conhecimento geológico e a formação de parcerias com órgãos reguladores. Já Claudio Neme afirma que, sem sustentabilidade, não haverá futuro. “As Engenharias deverão cada vez mais convergir em direção ao planejamento, à preservação dos recursos naturais e ao desenvolvimento sustentável”, explica Neme.
Infográfico
Água é vida, água é saúde.
Para cada dólar investido em água e saneamento, são economizados 4,3 dólares em custos de saúde no mundo.
Água é indutor de desenvolvimento
Algumas regiões observaram que o crescimento pode ser acelerado em 6% com o melhor gerenciamento de recursos hídricos.
Água é indutor da produção de alimentos
A irrigação aumenta os rendimentos da maioria das culturas entre 100 e 400%.
Água é energia
Aproximadamente 90% da geração de energia global é intensiva em uso de água.
Água gera emprego e renda
Metade da força de trabalho global é empregada em indústrias dependentes de água e recursos naturais como: agricultura, silvicultura, pesca, energia, indústrias de base, reciclagem, construção e transporte. Estima-se que mais de 1,4 bilhão de empregos, ou 42% da força de trabalho total do mundo, são fortemente dependentes da água.
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