Desafios das Geociências nas Próximas Décadas
O chefe do centro de geociências aplicadas do serviço geológico do Brasil-CPRM, Noevaldo Teixeira, fala sobre os desafios e conhecimentos necessários para o futuro desta área
Gestão de água potável, produção adequada de alimentos, descoberta de minerais críticos para a nova matriz energética. Tudo isso terá demanda ascendente por uma sociedade cada vez mais tecnológica. Esses são alguns dos desafios citados por Noevaldo Teixeira, chefe do Centro de Geociências Aplicadas do Serviço Geológico do Brasil, para o futuro da área no país e no mundo. Confira a entrevista exclusiva concedida pelo profissional para a Revista CREA-PR.
RCPR – Quais os principais desafios das Geociências nas próximas décadas?
NT – Nosso principal desafio será garantir o suprimento de fósforo, potássio e reminalisadores usados na produção de fertilizantes e corretivos para o solo, visando garantir a produção de alimentos para 10 bilhões de pessoas.
Além disso, precisaremos fornecer os minerais fundamentais e demandantes da nova matriz energética para baixa produção de carbono. Para isso é necessário descobrir novos depósitos e aumentar a produção de minerais fornecedores de substâncias como Lítio (Li), Silício (Si), lantanídeos (ETR), Cobre (Cu), Cobalto (Co), Tântalo (Ta), fortemente demandantes por uma civilização tecnológica.
Por fim, precisaremos contribuir para novas descobertas e melhor utilização de água potável em todos os países do planeta.
RCPR – Quais os conhecimentos necessários para enfrentar esses desafios?
NT– Aumentar a quantificação matemática dos modelos geológicos, diminuindo a subjetividade e aumentando os acertos prospectivos. Precisaremos também aumentar a capacidade de observação em profundidade dos métodos geofísicos e reduzir os custos de lavra em grandes profundidades e em ambiente marinho. Antes de Marte, teremos que ir para os oceanos e viabilizar de forma sustentável a produção de minerais que sejam fundamentais para a continuação da nossa trajetória neste belo planeta.
RCPR – Como alcançar melhorias das matrizes energéticas para modelos menos poluentes nos próximos anos?
NT– Basta copiar os modelos que vem dando certo em outros países, com criatividade, disciplina e meritocracia na academia, e interação dos institutos de pesquisa com o setor produtivo. Temos que gerar novos modelos prospectivos, contribuindo para a descoberta de depósitos minerais, capazes de atender a demanda de metais para fabricação de equipamentos (turbinas eólicas, carros elétricos, baterias, entre outros) da nova matriz energética. As mineradoras terão que aumentar substancialmente a produção das substâncias Li, Co, ETR e Níquel (Ni), caso contrário não haverá nova matriz energética.
RCPR – Qual papel da sustentabilidade nas pesquisas em Geociências para os próximos anos?
NT – Com certeza é uma pré-condição, pois a sociedade, corretamente, não aceita mais produção econômica a qualquer preço. Os órgãos de controle do estado e os legisladores têm o dever de mudar a visão dos agentes econômicos em relação à maneira de explorar os recursos naturais. Por outro lado, a histeria ecológica sem fundamentação científica não ajuda em nada. É a ciência que tem viabilizado a nossa permanência na terra. A destruição teria sido total, se não tivessem aparecido novos materiais, principalmente para construção de habitações. Para continuarmos o nosso processo civilizatório, teremos que continuar a usar os recursos minerais. A exigência é que façamos isso de forma racional e sustentável. Isso é perfeitamente possível, pois os principais produtores minerais mundiais apresentam também os melhores índices de IDH.
“Antes de Marte, teremos que ir para os oceanos e viabilizar de forma sustentável a produção de minerais imprescindíveis para a continuidade da vida na terra.”
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