Engenharia que beneficia vidas
Premiado entre os melhores TCCs de engenharia, projeto garante mobilidade para pessoas com tetraplegia ou dificuldade motora
Fornecendo soluções para os problemas relacionados à saúde humana, a Engenharia tem contribuído para melhorar a vida de pacientes, além do próprio atendimento e eficiência de clínicas, hospitais e operadoras. Seja no desenvolvimento de equipamentos e softwares, viabilizando próteses ou buscando meios de substituir funções biológicas pela tecnologia, entre outros dispositivos inovadores, são inúmeros os exemplos de grande impacto na sociedade.
Em Maringá (PR), uma pesquisa com visão tecnológica caminha no sentido de aprimorar a mobilidade e independência de pessoas com tetraplegia, paralisia muscular ou dificuldade motora.
Maicon Douglas Leles, engenheiro de controle e automação e eletricista, desenvolveu uma cadeira de rodas motorizada controlada pela íris por ocasião do seu trabalho de conclusão de curso, na UniCesumar. A iniciativa, inclusive, recebeu o 1º lugar na categoria Engenharia Elétrica do Prêmio Melhores Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de 2021 do Crea-PR (veja no box). A orientação do TCC ficou a cargo do professor Igor Henrique do Nascimento Oliveira.
Segundo o profissional, as cadeiras de rodas motorizadas proporcionam mais independência e mobilidade para seu usuário, pois um pequeno movimento de dedo sobre o joystick aciona o deslocamento. Contudo, as pessoas acometidas de tetraplegia ou com perda dos movimentos nos braços acabam dependendo da ajuda de terceiros para conduzir cadeiras convencionais. “Para solucionar esse problema, proporcionando maior independência e qualidade de vida a essas pessoas, desenvolvemos o sistema que, por meio do rastreamento ocular, permite controlar equipamentos ortopédicos”, detalha Leles.
Para dimensionar a situação, ele cita dados do último Censo (2010) realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo aponta que o Brasil tinha cerca de 734.421 pessoas dependentes de cadeiras de rodas, sendo que 498.400 pessoas declararam ter alguma deficiência motora, sendo impedidas de realizar qualquer atividade.
VALORİZAÇÃO DA ENGENHARİA
O Crea-PR, com o apoio do Colégio de Instituições de Ensino (CIE), do Colégio de Entidades de Classe (CDER) e do Colégio de Inspetores (CI), premia anualmente os melhores TCCs apresentados nas áreas da Engenharia, Agronomia e Geociên- cias. Além de valorizar as pesquisas acadêmicas, esse reconhecimento visa incen- tivar o desenvolvimento tecnológico do Estado. Em 2021, em sua quinta edição, a competição teve 215 trabalhos inscritos. Para o gerente do Departamento de Relações Institucionais (DRI) do Crea-PR, Claudemir Marcos Prattes, a 5ª edição do Prêmio foi histórica em função do volume de trabalhos recebidos para análise. “É um Prêmio que se consolida ano após ano, envolvendo mais de 100 Instituições de Ensino Superior”, destaca. Após as etapas de indicação, análise dos trabalhos e votação, são indicados os três melhores trabalhos /pesquisas em diferentes mo- dalidades: Civil, Mecânica e Metalúrgica, Agronomia, Elétrica, Agrimensura, Quími- ca, Geologia e Minas, Especiais (Segurança do Trabalho). Todos os trabalhos são avaliados na perspectiva de inovação e aplicabilidade.
TECNOLOGIA ACESSÍVEL
A solução é composta por uma IG de comunicação, de baixo custo, baseada no rastreamento da íris, que permite por meio da comunicação serial, enviar dados à placa controladora dos motores. A interface gráfica disposta no tablet fixado na estrutura da cadeira de rodas, meio pela qual o usuário se comunica com o dispositivo, também foi desenvolvida com o intuito de ser interativa e de fácil compreensão.
Também foram implementados sensores infravermelhos para detectar possíveis obstáculos. Dessa forma, o sistema intervém para evitar colisões e garantir a segurança do usuário e do equipamento.
“Além de resolver um problema de locomoção enfrentado por uma parcela significativa da população, essa solução traz a tecnologia assistiva de forma mais acessível para essas pessoas”, comenta o engenheiro, acrescentando: “o software também pode ser calibrado para diferentes usuários”.
Para atender outras necessidades especiais, como no caso de pacientes com dificuldade na dicção, o sistema também conta com uma interface de comunicação na qual é possível formular frases por meio de um teclado alfanumérico ou escolher frases pré-programadas. Assim, o sistema transmite essas frases em forma de áudio.
VIABILIDADE ECONÔMICA E NOVOS PASSOS
“O projeto apresenta uma tecnologia fácil de usar e segura, com potencial para um conjunto de novos recursos”, completa Maicon Leles, que chegou a fazer pitches de apresentação para investidores anjo e startups do segmento de saúde após a conclusão do TCC.
“Seguimos buscando meios de viabilizar a produção de novas unidades e disponibilizá-las à rede pública de saúde para os testes de aceitação. Não é um caminho simples e, assim como outras inovações, requer políticas públicas e empatia”. O custo total do sistema adaptado para controle via íris gira entre R$ 3 mil e 4 mil, segundo o engenheiro; além do custo da cadeira de rodas motorizada. “Podemos chegar a um patamar até 30% menor do que as soluções similares às encontradas no mercado”, diz.
Atualmente, em paralelo ao projeto da Wheelchair Technology, Leles vem se dedicando a outros campos da Engenharia, desenvolvendo projetos de impressoras 3D para casas. “O primeiro lugar no concurso de TCCs garantiu um mestrado no Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Limpas da Unicesumar, que está sendo dedicado a esse trabalho de pesquisa. É um novo conceito de tecnologia e dentro de um mercado em expansão”, comenta.
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