Pavimentação em concreto: feito para durar
Paraná investe em trechos de rodovias com material que tem maior durabilidade e menor manutenção
A obra da revitalização do trecho da PRC-280, de Palmas ao trevo Novo Horizonte, acesso à Santa Catarina, na região Sudoeste do Paraná foi a precursora de duas inovações: o uso do pavimento em concreto e aplicação pelo processo whitetopping e considerada um sucesso. Realizada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR), o primeiro lote, já concluído, conta com 60 quilômetros.
Agora, está em andamento o lote subsequente de restauração entre Palmas e Clevelândia, que com 45 quilômetros está com metade das obras concluídas e, em breve, iniciará a obra do trecho seguinte, de Clevelândia a Pato Branco, mais 37 quilômetros.
“Ambas as obras seguirão o padrão utilizado no trecho entre Palmas e o trevo Horizonte porque a obra foi um sucesso em termos executivos. Recuperamos um trecho muito deteriorado, onde se gastava muito com manutenção, e a obra era muito esperada pela população. Serão, ao todo, mais de 140 quilômetros nesta rodovia”, afirma a engenheira civil especialista em Infraestrutura de Transportes, Janice Kazmierczak Soares, diretora Técnica do DER/PR.
“Ambas as obras seguirão o padrão utilizado no trecho entre Palmas e o trevo Horizonte porque a obra foi um sucesso em termos executivos. Recuperamos um trecho muito deteriorado, onde se gastava muito com manutenção, e que era muito esperado pela população. Serão, ao todo, mais de 140 quilômetros nesta rodovia” – eng. civ. Janice Kazmierczak Soares
Estudos
Os estudos para uso do pavimento em concreto e das tecnologias associadas vêm de longa data, mas em 2020 foram licitadas obras de restauração na PRC-280, em reciclagem com cimento e em pavimento rígido. Foi constatado que o preço por quilômetro em pavimento rígido, na época, era inferior.
Concomitantemente a esta experiência, quando o DER/PR contratou o banco de projetos, foi colocado no escopo o estudo de viabilidade do uso da pavimentação rígida (concreto), semirrígida (base cimento e revestimento asfalto) e o flexível (asfalto). “E vários projetos, levando em conta diversas variáveis como custo-benefício e outras, mostraram a viabilidade do pavimento rígido. Isso já na fase anterior à elaboração do projeto”, explica a diretora técnica.
Execução da obra
O whitetopping – que consiste na aplicação do concreto diretamente sobre o asfalto, que serve como uma espécie de base para a aplicação – é uma solução utilizada nos países de primeiro mundo e que foi trazida para o Paraná, nesta obra que marca o primeiro uso em território nacional.
“Essa tecnologia permite utilizar o asfalto existente como base para receber o pavimento de concreto. Mas, antes, é feita a correção de possíveis remendos para que a superfície fique o mais regular possível”, explica o gerente de obras do escritório regional do DER/PR na Região Sudoeste, Paulo Roberto Melani. Ele fiscalizou diretamente a execução das obras na PRC-280.
“Foi interessante porque o mercado está preparado para atender este tipo de obra. Temos fornecedores de concreto suficientes e as empresas estão cada vez mais especializadas”, pondera Melani. Nesta questão, ele cita a importância do trabalho da ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland, com cursos e apoio no atendimento a obras com concreto.
Desafio pessoal
O gerente de obras conta que foi um desafio. “Eu tenho 35 anos de trabalho no Estado e foi a primeira vez que acompanhei o trabalho com o concreto, o que exigiu estudo e especialização, minha e de toda a equipe do DER/PR”, constata.
Outro desafio foi utilizar pela primeira vez a tecnologia do whitetopping em pista simples, possibilitando que a obra acontecesse sem interrupção do tráfego. “E esse foi mais um ponto de destaque da obra porque teve um degrau entre uma pista e outra durante a execução com uma camada de 22 centímetros, mas não teve interrupção no tráfego”, conta.
E Melani compartilha mais um dado interessante: “antes, com o asfalto deteriorado, o tempo de viagem destes 60 quilômetros levava mais de duas horas. Agora, o trajeto é feito em 45 minutos”.
Manutenção
AA pavimentação em concreto tem diversas vantagens em relação ao asfalto, mas a principal está relacionada ao tempo de manutenção. “Enquanto o asfalto necessita de alguma intervenção já no primeiro ano, o pavimento de concreto, se bem executado, vai precisar de manutenção somente a partir do quinto ano”, explica o engenheiro civil Rafael Rodrigues Teixeira, da Coordenadoria de Gerenciamento da Malha do DER/PR.
Segundo ele, que também é conselheiro do Crea-PR, o concreto pode ter um custo inicial maior em relação ao concreto asfáltico tradicional, mas se torna mais econômico ao passar do tempo pela baixa manutenção e durabilidade de pelo menos 20 anos. “Inclusive a expectativa é de durar mais que isso com as manutenções preventivas sendo bem executadas e dentro dos prazos estabelecidos”.
A escolha do pavimento de concreto, porém, depende de alguns fatores. “Temos uma malha viária de 10 mil quilômetros no Paraná, mas nem todos os trechos têm indicação de uso do concreto. O produto é indicado para rodovias com alto volume de tráfego e que são utilizadas por veículos pesados”, resume.
Outro benefício do concreto perante o asfalto é que forma menos espelhos d’água, trazendo mais segurança no trajeto. “A técnica de vassouramento na superfície do pavimento de concreto (ranhuras) melhora a aderência do pneu e minimiza a formação de lâminas de água”, conta.
Dica para estudantes de engenharia
E o conselheiro do Crea-PR ainda passa uma dica aos futuros engenheiros que estão definindo em que área querem atuar. “A especialização neste tipo de material com certeza trará retorno futuro porque serão necessários cada vez mais profissionais que dominem o uso do concreto na pavimentação, que está em alta em todo o país”, aconselha..
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