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Crea-PR participa de planejamento estadual de atualização de políticas públicas para aceleração digital

Publicado em 13 de outubro de 2021

Audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa discutiu a implantação da tecnologia 5G no país, que deve chegar a partir de 2022

O debate realizado pela Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) iniciou a preparação dos municípios para a implantação da tecnologia 5G no estado. As cidades precisam iniciar um processo de atualização de políticas públicas para contribuir com a aceleração digital revolucionária imposta pela nova tecnologia. Essa necessidade foi destaque nas falas durante o evento realizado no final de setembro, por proposição dos deputados Luiz Cláudio Romanelli (PSB), Tião Medeiros (PTB) e Emerson Bacil (PSL). A audiência contou com a participação de palestrantes, representantes de empresas de tecnologia e comunicação, além de gestores municipais.

Contribuição profissional

O engenheiro civil Samir Jorge, assessor de Políticas Públicas do Crea-PR, participou representando o Conselho. Ele explica que “essa tecnologia muda completamente o sistema de distribuição da Internet ou das telecomunicações. Por isso, a implantação vai demandar muito das profissões afetas ao Sistema Confea/Crea, seja como engenheiro eletricista de telecomunicações, engenheiro de software, e outras engenharias vinculadas”. Para ele, “na implantação de estações e redes, para que tudo funcione, nossos profissionais estarão exercendo seu trabalho em toda a infraestrutura, e esse é o primeiro grande impacto. Por isso devemos estar presentes em todo o processo”, complementa.

Audiência da ALEP em 29 de setembro reuniu representantes de órgãos e empresas interessados no processo de implantação da tecnologia 5G

Outra grande mudança é que todos os municípios terão que ter legislação própria tratando dessa questão. O que existe hoje é “a Lei das Antenas e com o 5G essa relação se altera completamente. Por conta disso, os profissionais da área devem buscar se atualizar e estarem prontos para atuar na implantação da tecnologia, mas também na assessoria para o desenvolvimento da nova legislação. Nós, como Conselho, estamos à disposição para trabalhar em conjunto com os municípios para que isso seja realizado de forma profissional e eficaz”, aponta o assessor de Políticas Públicas do Crea-PR.

Também é muito importante fomentar as pesquisas nas áreas de desdobramento da implantação do 5G. A sociedade deve conhecer essas possibilidades e os profissionais da Engenharia podem facilitar este conteúdo, fazendo com que ele seja mais acessível e mais bem aceito pela sociedade. Por isso, no evento da ALEP foi apresentada a proposta do Crea-PR para a implantação da tecnologia também nas universidades paranaenses, principalmente nas públicas, já que elas têm vínculo com o governo do estado e com a questão da pesquisa. Esse projeto pode facilitar, por exemplo, dados e interpretações, para que os pesquisadores possam inclusive auxiliar a sociedade na melhor utilização da própria tecnologia. Portanto, as Instituições de Ensino vinculadas ao Sistema Confea/Crea também devem ser parceiras, estando alinhadas ao processo de implantação dessa inovação.

Grandes mudanças

“A tecnologia 5G transforma completamente a nossa relação com a informação e com muitos serviços, a mudança não é apenas na área de telefonia, este é um pequeno pedaço de todo o processo. Por exemplo, é possível ter até 100 vezes mais velocidade na informação que circula nos equipamentos que utilizamos, mexendo profundamente com muitas tecnologias usadas de forma individual ou restrita, como o GPS, circuito fechado de TV, ou de forma pública, como o controle de segurança de trânsito de via em uma cidade, e a telemedicina. Com toda essa modificação, nossos engenheiros das áreas de software de telecomunicações devem se preparar para entender como todos irão usar a ferramenta, e poder trabalhar na oferta de projetos e novos serviços para a sociedade, seja ela pública ou privada”, explica Samir.

Quanto à obrigatoriedade de alteração da legislação pelos municípios, “é preciso do Crea-PR seja protagonista, abrindo a possibilidade de colaboração com as prefeituras e associações municipais, por meio das Entidades de Classe, ofertando ideias e soluções para a implantação desta legislação. O Conselho e os profissionais devem se preparar e ter conhecimento de tudo que envolve a tecnologia 5G, para o bem da sociedade e para a elaboração de projetos e serviços ligados a esta inovação, que chega agora em 2022 ao país”, declara.

Para o engenheiro eletricista da Copel, Leandro Grassmann, ainda que haja oportunidades, “as tecnologias mais recentes de comunicação não têm gerado mais tantos empregos para os engenheiros quanto no passado”. Ele comenta que o que tem acontecido na fase de implantação é a vinda de profissionais de fora, já com conhecimento mais aprofundado da tecnologia, trazidos pelos próprios fornecedores dos equipamentos. Mas “há leve aumento de oportunidade para o pessoal de infraestrutura”, complementa.

Na fase de operação, o cenário é semelhante. “Hoje a maioria das redes é monitorada remotamente, mantendo-se somente poucos profissionais in loco. Para se ter uma ideia, a OI, que já teve centenas de engenheiros no Paraná, hoje tem menos de cinco. Com o 5G, tendo velocidade maior, deve se manter o cenário de operação remota. Na verdade, pode até facilitar essa operação remota, vez que permite maior tráfego de vídeo e aumenta a possibilidade de automação das ações operacionais”, analisa Grassmann.

Porém, é possível ser otimista. “Onde realmente há um vislumbre de aumento de oportunidades para profissionais da área técnica é na produção de softwares e soluções para atender novos desafios. Por exemplo, uso de drones de forma remota para levantamentos em campo, operação remota de máquinas e implementos agrícolas, operações autônomas de equipamentos, monitoramento a distância em tempo real, e tantas outras soluções que dependem de alta velocidade e alto volume de informação trafegando em tempo real”, conclui o engenheiro.

Implantação nacional

O 5G, mais rápido e mais estável, estará disponível no país já no início do segundo semestre de 2022, ao menos nas capitais. O desenvolvimento da tecnologia pelo Brasil deve acontecer ao longo dos próximos anos. Para que isso ocorra, no entanto, os municípios deverão estar preparados para receber o 5G. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou a aprovação do edital que confirma para o dia 4 de novembro o leilão que definirá as empresas que vão operar a tecnologia de internet 5G no país. O leilão deve movimentar quase R$ 50 bilhões, entre pagamentos ao Governo Federal e investimentos obrigatórios.

Os municípios devem ficar atentos às adequações quanto à Lei das Antenas (13.116/15) e ao Decreto Federal 10.480/20, alertaram os palestrantes no evento da ALEP. Além disso, destaca-se que os municípios com legislações atualizadas para instalar ou adaptar as torres e antenas do 5G em seus territórios terão prioridade no recebimento o sinal. Hélio Maurício Miranda da Fonseca, gerente de Projetos do Deinv/Setel, da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, afirma que “as políticas públicas vão contribuir para aceleração digital no país. Sempre focamos no aumento de banda para o tráfego de dados. O 5G não só permite trafegar muito mais dados, mas permite que viabilizemos a comunicação massiva entre máquinas. Além disso, ela também permite a aplicação de baixo tempo de resposta após o comando”.

O Gerente de Regulamentação da Anatel, Felipe Roberto de Lima, destacou que a tecnologia é uma evolução da banda larga móvel, mas vai além. “Ele tem funcionalidade de substituir banda larga fixa por fibra óptica; permite a internet das coisas, além de cidades, indústria e agropecuária inteligentes. É importante destacar que é uma tecnologia que impacta em toda economia e toda a sociedade, pois permite trabalhar com eficiência e mais recursos”, enumerou.

Ele destacou que, porém, para que tudo isso seja possível, é necessária a preparação. “A estrutura de antenas precisam aumentar muito. Recomendamos que municípios estejam de acordo com a legislação federal; estabeleçam um processo centralizado e objetivo que propicie a obtenção de autorizações em prazos inferiores a dois meses; também não devem impor custos adicionais ao da tramitação do processo”.

Acesse aqui a matéria completa da ALEP sobre o evento.

Texto: Débora Pereira – Comunicação Crea-PR

Com informações da ALEP

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