Frota de veículos elétricos em crescimento

Número quase triplica desde 2020, mas ainda falta muito para se popularizar

Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), organizados e disponibilizados pela NeoCharge, mostram que a frota de veículos eletrificados no Paraná passou de 2.135 em maio de 2020 para 6.363 em maio de 2022, praticamente triplicando o número de veículos que são elétricos, híbridos e híbridos plugin.

A frota do Paraná corresponde a 6,9% da nacional. Em todo o País, o número de veículos híbridos e elétricos ultrapassou a marca das 100 mil unidades em circulação, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve).

Mesmo com o aumento da frota, a popularização destes carros ainda está longe. “Calculo que para chegar à classe média e vermos mais carros circulando, temos um horizonte de 10 a 15 anos”, afirma o Engenheiro Eletricista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Valter Klein.

Valério Mendes Marochi, tecnólogo em Mecatrônica Industrial e especialista em Engenharia de Veículos Híbridos e Elétricos, concorda. “Hoje, o Brasil tem uma participação, seja em promoção, manufatura ou montagem de veículos elétricos, muito baixa. A grande maioria, mais de 90%, ainda é importada. A expectativa é que este cenário comece a mudar em 2025 por conta da entrada no mercado de mais veículos com algum grau de eletrificação fabricados no Brasil”, avalia ele, que também atua como pesquisador do Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica.

Segundo Marochi, os desafios para crescimento da indústria nacional incluem o elevado Custo Brasil – que afeta diretamente a indústria automobilística, acarretando migração para outros países – e a diminuição da exportação. “No fim isso também se reflete em uma obsolescência tecnológica frente a outros países. Hoje a indústria automotiva brasileira supre, em sua maioria, somente a demanda nacional”, afirma.

Outro fator apontado pelo profissional é a polarização no País entre defensores da eletromobilidade e defensores do etanol. “Deveria ter uma união de forças porque quem defende apenas o etanol aposta em uma tecnologia que não nos permite exportar e defender só a eletromobilidade também é complicado porque não temos tecnologia de ponta na fabricação de peças para veículos eletrificados em larga escala. Resumindo, temos baixo domínio de tecnologia e conhecimentos que nos levem a atingir altos níveis de manufatura. Isto é resultado do baixo investimento das montadoras em departamentos de pesquisa e, por outro lado, também da baixa geração de conhecimento dentro das Instituições de Ensino e centros de pesquisa e tecnologia, que não alimentam a indústria nacional.”

O professor Klein cita, ainda, dificuldades com manutenção. “Não temos no País oficinas especializadas em número suficiente para dar manutenção e atender a um aumento de produção deste tipo de veículo.”

De qualquer forma, Marochi aponta que “os desafios podem se transformar em oportunidades interessantes para o mercado nacional produzir alguma coisa inovadora. Os atores deste cenário podem fazer do desafio uma oportunidade de estratégia para o mercado de veículos elétricos e híbridos.”

Ações municipais fomentam mercado de veículos elétricos

Os especialistas Engenheiro Eletricista, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Valter Klein e Valério Mendes Marochi, tecnólogo em Mecatrônica Industrial e especialista em Engenharia de Veículos Híbridos e Elétricos, explicam que faltam iniciativas coordenadas para que a fabricação de veículos elétricos e híbridos seja ampliada.

Mas existem algumas ações municipais neste sentido. Um exemplo é Curitiba, que isentou o pagamento do Estacionamento Regulamentado (EstaR) para veículos elétricos, medida válida até 2024. O governo do Paraná também isentou o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de veículos elétricos até o final de 2022, mas que pode ser renovado. Uma isenção do Imposto sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços (ICMS) na venda deste tipo de veículo também está sendo estudada.