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Inovação para o mercado

Projetos de pesquisa alinhados às necessidades do mercado são cada vez mais realidade e contam com apoio governamental

Cultivo em contâiner do Sítio Urbano 5.0

As universidades são um grande celeiro de ideias, projetos, pesquisa e inovação e compõe o ecossistema de inovação juntamente com as empresas e os governos. Muitas patentes requeridas, mas nem sempre os projetos pesquisados coincidem com o que o mercado busca e, assim, acabam não saindo das academias ou das publicações científicas. Pensando nisso algumas iniciativas buscam diminuir essa distância. 

O Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) é um exemplo e foi uma das saídas que o Engenheiro Agrônomo e professor Glauco Vieira Miranda, doutor em Genética e Melhoramento, do Curso de Agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Campus Santa Helena, buscou para viabilizar seu projeto de produção de plantas indoor.

“O projeto Sítio Urbano 5.0 é uma plataforma de produção agrícola inteligente e autônoma, com iluminação artificial e autoaprendizagem para o manejo de plantas herbáceas e bioativos. A iniciativa reúne um conjunto de plataformas físicas e inovadoras, que utiliza inteligência artificial (IA) e Internet das coisas (IoT) para a prática de agricultura urbana”, explica Miranda.

O projeto ficou entre os cinco finalistas campeões do Prime deste ano, programa que é desenvolvido em parceria com a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR). O Sítio Urbano 5.0 contou ainda com apoio do Centelha, programa da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e também do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“Na nossa plataforma temos produzido um pé de alface em 15 dias. Isso em um ambiente tradicional leva 30 dias”, – Eng. Agr. Glauco Vieira Miranda

Inovação no agro

Sítio Urbano 5.0 é uma produção altamente controlada do ambiente e da planta para otimizar a produção de hortaliças e bioativos para a produção de plantas medicinais e fitoterápicos, nutracêuticos, fragrâncias entre outros. “Na nossa plataforma temos produzido um pé de alface em 15 dias. Isso em um ambiente tradicional leva 30 dias”, destaca o professor.

O sistema está montado em um contêiner dentro do campus da universidade e conta com quatro níveis de tecnologia de automação pela internet das coisas e inteligência artificial – o primeiro que controla os parâmetros ambientais, o segundo controla os parâmetros ambientais, o terceiro maneja a planta e o quarto, em fase final de desenvolvimento que faz o automanejo prévio do sistema antes que os estresses redutores da produtividade e do crescimento das plantas ocorram. “Inclusive, este último, vamos chamar de PhD+ porque é como se tivesse um pós-doutorando 24 horas dedicado no sistema”, comenta Miranda. Os sistemas podem ser comercializados em conjunto ou separadamente.

“Importante frisar que os sistemas funcionam integrados, que pode ser um produtor rural experiente ou empreendedor urbano sem origem no agro, onde possui equipe de funcionários que não erram jamais e trabalham 24 horas à sua disposição e que solucionam os problemas não conhecidos. É isso que os robôs fazem”, enfatiza.

A ideia é que a inovação esteja no mercado até maio do ano que vem. Uma empresa de supermercados já demonstrou interesse. Em breve, ainda este ano, espera-se ter dois protótipos para demonstrar o funcionamento. “O desafio agora são a venda e o marketing deste produto. Além disso, a ideia é que siga sendo aperfeiçoado porque já tenho um aluno de doutorado desenvolvendo um sistema robotizado para a semeadura e colheita das plantas”, adianta. 

O grupo envolvido no projeto conta com alunos de graduação e da educação continuada (pós, mestrado e doutorado) e professores pesquisadores do Brasil e exterior. “É uma equipe multidisciplinar e isso é muito interessante. Temos estudantes da Ciência da Computação, da Agronomia e de outras áreas que trabalham na interseção. Não se pode mais pensar em inovação sem essa multidisciplinaridade”, constata o professor.

Governo do Paraná apoia iniciativas com viés mercadológico

Programas Prime e Ageuni têm como objetivo fomentar que pesquisas virem produtos e serviços no mercado

O coordenador de Ciência e Tecnologia da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Geógrafo e doutor em Engenharia Civil Marcos Aurélio Pelegrina, explica que tem alguns anos que o Governo trabalha para destravar as universidades no sentido de aplicação de suas pesquisas. Para isso, foi criado um arcabouço legal com a Lei da Inovação (20537/2021), a Lei das Fundações (20542/2021) e o Decreto 10.769/2022, que criou o Programa Ageuni – Agências para o Desenvolvimento Regional Sustentável e Inovação do Paraná.

“Foram estas legislações que nos permitiram avançar fazendo com que o pesquisador possa ser sócio de empresa, possa licenciar de forma mais rápida seu produto e agilizar as parcerias com empresas”, lembra Pelegrina.

No Prime os escolhidos nos editais – o programa está na sua segunda edição – recebem treinamento sobre como fazer o licenciamento e ainda este ano terá um edital para que as empresas possam conhecer os produtos. “Importante que os pesquisadores fiquem atentos aos prazos dos editais, que sempre são divulgados na página da Seti”, esclarece.

Pelegrina explica que todos ganham no processo: ganham os alunos que se envolvem na prática em um trabalho inovador, os pesquisadores e professores que encabeçam as pesquisas, ganham as empresas com produtos que fornecem soluções e ganham as universidades com mais investimentos em pesquisa. Por fim, ganha toda a sociedade com novas startups e novas tecnologias que geram empego e renda.

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