Mulheres na Engenharia
Dia internacional lembra da importância de condições igualitárias e do papel feminino fundamental na contribuição para uma sociedade mais justa
O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia é comemorado em 23 de junho. A data, criada pela Women’s Engineering Society (WES), do Reino Unido, celebra seu nono ano em 2022 com o objetivo de dar às mulheres das engenharias em todo o mundo visibilidade e incentivar mais jovens mulheres e meninas a seguir carreiras de engenharia.
Como forma de reconhecer o trabalho das mulheres, foi lançado este ano o Prêmio Crea-PR Engenheira Enedina Alves Marques, organizado pelo Comitê Mulheres do Crea-PR, com apoio da Mútua-PR e Cooperativa de Crédito Credcrea, com a indicação de uma profissional de cada Regional do Conselho (oito no total) para receber a homenagem. Os nomes escolhidos são resultado de sugestões vindas das Entidades de Classe e Instituições de Ensino.
O Prêmio demonstra a valorização do papel das mulheres nas Engenharias, Agronomia e Geociências (veja no site a história e depoimento das vencedoras, saiba mais sobre a engenheira Enedina e acesse as fotos da entrega do Prêmio). As indicadas são: Eng. Agr. Ana Maria de Moraes (Apucarana); Eng. Civ. Célia Neto Pereira Rosa (Cascavel); Eng. Cartóg. Taciana Achcar Malheiros Vannucci (Curitiba); Eng. Agr. Sandra Mara Vieira Fontoura (Guarapuava); Eng. Civ. Célia Oliveira Souza Catussi (Londrina); Eng. Civ. Donária Regina Nogueira Rizzo (Maringá); Eng. Civ. e de Seg. do Trab. Loreni Fenalti da Costa (Pato Branco) e Eng. Agr. Maristela Dalla Pria (Ponta Grossa).
“É uma data para apoiar as mulheres e dar oportunidade para que possam atingir todo o seu potencial como profissionais livres. A engenharia ajuda a desenvolver o mundo que se torna melhor, mais seguro, mais inovador e emocionante a partir das atividades de engenharia e a visão feminina é fundamental neste processo”, avalia o presidente do Crea-PR, Engenheiro Civil Ricardo Rocha.
Dados embasam a importância do assunto. A Organização das Nações Unidas (ONU), divulga que as mulheres representam apenas 35% dos estudantes matriculados em STEM, sigla em inglês para Ciências, Matemáticas, Engenharias e Tecnologia, nas universidades. O percentual é ainda menor nas engenharias Industrial, de Produção, Civil e em tecnologia: menos de 28% do total.
No mundo corporativo não é diferente. Apenas 13% das empresas brasileiras têm CEOs mulheres. Elas representam 26% das pessoas em posição de diretoria, 23% em vice-presidência e 16% em cargos de conselhos. Os números são da consultoria Talenses e Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), divulgados em 2019.
“Ainda há uma predominância de homens e é necessário um conjunto de ações e políticas para aumentar a participação das mulheres e meninas que se interessem pela área de exatas. Uma das ações importantes é incentivá-las a gostar das áreas que são relacionadas às engenharias, buscar desenvolver e despertar interesse por matemática, ciências e por áreas tecnológicas. Uma outra ação é buscar referências importantes para elas terem como referência”, explica o presidente do Crea-PR.
E o momento é agora, como defende a ONU: “à medida que o mundo continua a lidar com a pandemia COVID-19 e a crise climática, a participação e liderança plena e igualitária de mulheres e meninas nas comunidades de ciência e tecnologia é mais importante do que nunca. Agora é a hora de reconhecer as contribuições das mulheres em pesquisa e inovação, destruir estereótipos e derrotar a discriminação”, afirma a organização internacional.
Papel do Crea-PR
Uma das ações desenvolvidas dentro do Sistema Profissional é o Programa Mulher. “O Paraná foi o primeiro CREA a ter um Comitê Mulheres e que hoje está consolidado em todos os CREAs. Podemos nos orgulhar deste pioneirismo e a nossa participação tem aumentado a cada ano, por meio de ações desenvolvidas pelo comitê”, conta a Engenheira Civil Karlize Posanske da Silva, Conselheira do Crea-PR e coordenadora do Comitê Mulheres.
O Programa Mulher do Sistema Confea/Crea e Mútua fomenta a elaboração de políticas atrativas para mulheres engenheiras, agrônomas e da área das geociências dentro das diversas entidades de classe e Conselhos Regionais, a fim de ampliar a participação feminina de forma protagonista no sistema profissional.
Exemplos Inspiradores
Enedina Alves Marques este é o nome da primeira mulher formada em Engenharia Civil no Paraná. Após formada, em 1945, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná tornou-se a primeira Engenheira Civil negra do Brasil.
E o seu legado segue inspirando. Por isso, o Crea-PR fez uma homenagem especial às mulheres engenheiras, premiando as que se destacam por sua atuação em cada uma das oito Regionais do Conselho com o Prêmio Crea-PR Engenheira Enedina Marques.
Em 2021 também foi lançado o livro infanto juvenil “Enedina Marques: mulher negra pioneira na engenharia brasileira”, da pós-doutorada em Estudos Interdisciplinares sobre mulheres, gênero e feminismos e doutora em Tecnologia, Lindamir Salete Casagrande.
“Tive contato com a história de Enedina Marques na época do mestrado entre 2003 e 2005 e me encantei. Mulher forte, resiliente, pioneira, ousada, corajosa e outras tantas qualidades que me faltam palavras para descrever merece ter sua história conhecida pelo maior número de pessoas possível. Resgatar, e contar de forma leve e acessível ao público em geral, de modo especial, às crianças e adolescentes foi e é um desafio que tive a honra de aceitar e que me deixa muito feliz em vê-lo concretizado”, resume a autora.
Prêmio Crea-PR Engenheira Enedina Alves Marques
ENGENHEIRA AGRÔNOMA ANA MARIA DE MORAES
REGIONAL APUCARANA
“A indicação coroa todo um trabalho, uma vida profissional dedicada à Agronomia, sempre devotada à minha profissão nesses 33 anos. A gente faz as coisas na vida sem pensar no que vai ser depois, só pensa na qualidade do trabalho que está fazendo. Eu sempre me dediquei muito ao meu trabalho e esse reconhecimento dos meus pares, dos meus colegas, do que eu executei, é emocionante. Eu fico extremamente agradecida por eles terem me visto dessa forma. E também é muito emocionante receber essa indicação pelo fato de estar encerrando minha carreira, por ter me aposentado recentemente.”
ENGENHEIRA CIVIL CÉLIA NETO PEREIRA DA ROSA
REGIONAL CASCAVEL
“É uma validação, e com foco na representação feminina é ainda mais especial. Essa é mais uma maneira de fortalecer a atuação da mulher engenheira e, principalmente, de mostrar às alunas e colegas profissionais que é possível ir além em profissões que antes eram muito masculinas. Estou muito feliz e honrada pelo reconhecimento. Para minhas alunas e colegas da área, é uma forma de inspirar a não desistir da carreira e buscar seus espaços para que o símbolo de liderança, profissionalismo e trabalho sejam também a figura feminina. O Crea-PR nos honra e orgulha por entender o privilégio de ter as profissionais atuantes e reconhecer o trabalho e esforço delas.”
ENGENHEIRA CARTÓGRAFA TACIANA ACHCAR MALHEIROS
VANNUCCI REGIONAL CURITIBA
“Senti um misto de gratidão e privilégio ao saber da indicação. Penso que a melhor forma de lidar com a sensação de ser minoria – num ambiente predominantemente masculino – ou de ser questionada em sua capacidade é com resultados. E essa premiação é mais um passo que busca a indicação de mulheres que têm feito algo de importante pela nossa sociedade, não apenas dentro de nosso nicho de atuação. O nome da Enedina para a premiação já é um grande marco para o Crea-PR, considerando sua trajetória por trilhos que não foram a seu favor, na maioria das vezes. E sabemos que ela é inspiração para muitas de nós. Que possamos premiar muitas Enedinas.”
ENGENHEIRA CIVIL CÉLIA OLIVEIRA SOUZA CATUSSI
REGIONAL LONDRINA
“Quando recebi a notícia da indicação ao Prêmio Engenheira Enedina, me senti privilegiada ao recebê-lo. Considero que esse é um reconhecimento pelo meu trabalho como profissional da construção civil.”
ENGENHEIRA AGRÔNOMA SANDRA MARA VIEIRA FONTOURA
REGIONAL GUARAPUAVA
“Me sinto extremamente realizada na minha profissão e amo o que faço, que é ser pesquisadora. O maior desafio de ser mulher nessa área, é se destacar em um ramo predominantemente masculino. Hoje se percebe menos essa diferença, mas quando estudei e iniciei a trabalhar, praticamente não havia mulheres na área. Sou grata por esta homenagem. Recebi a notícia do Prêmio Enedina com muita alegria, e até mesmo com surpresa, pois sei que existem muitas colegas competentes nesta área.”
ENGENHEIRA CIVIL DONÁRIA REGINA NOGUEIRA RIZZO
REGIONAL MARINGÁ
“A instituição que concede a premiação é valorosa por si só e o Prêmio Enedina é uma maneira de destacarmos as engenheiras do nosso estado, trazendo à tona tantas valorosas profissionais que serão representadas por algumas. Para mim, é importante a premiação pelo fato de amar a minha profissão e exercê-la da melhor forma possível. Entendo que muitas profissionais engenheiras o merecem e me sinto honrada em recebê-lo. O respeito com o exercício da nossa profissão deve sempre estar em primeiro lugar, atrelado à ética. E se atualizar é palavra de ordem, pois o conhecimento nunca é perdido. Então defina sua área de atuação e procure sempre ser o melhor no que faz.”
ENGENHEIRA CIVIL E DE SEGURANÇA DO TRABALHO LORENI FENALTI DA COSTA
REGIONAL PATO BRANCO
“A engenheira Enedina é uma mulher que orgulha a nossa classe, pois enfrentou todos os tipos de preconceito, em um ambiente hostil, e deixou um importante legado. Enedina é uma inspiração! Estou muito grata pela homenagem, especialmente à Area-PB (Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos de Pato Branco), que indicou o meu nome e teve apoio das outras Entidades de Classe da região.”
ENGENHEIRA AGRÔNOMA MARISTELA DALLA PRIA
REGIONAL PONTA GROSSA
“É uma honra receber uma homenagem com o nome de Enedina Alves Marques, pela inestimável conquista desta mulher e o que ela representa para todas aquelas que sofrem com a realidade da discriminação racial e de gênero. Que o trabalho incansável e a luta diária desta mulher incrível, à frente do seu tempo, sirva de inspiração para que continuemos na luta por melhores condições de trabalho e igualdade entre mulheres e homens.”
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