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Nova orla de Matinhos

Intervenções como a engorda da faixa de areia já concluída visam recuperar danos, obras seguem em ritmo acelerado

Obra de engorda da Orla de Matinhos
Alessandro Vieira – IAT

“As intervenções tiveram início em março deste ano e devem ser finalizadas em 32 meses. A primeira fase, da engorda, já foi finalizada com a draga Galileo Galilei. Agora, os trabalhos seguem em outras frentes e na estabilização da areia” – Geólogo Everton Souza

Recentemente concluída, a engorda da faixa de areia (etapa de dragagem) da orla de Matinhos é a obra de intervenção que mais chama atenção da população. Foram repostos três milhões de metros cúbicos de areia em uma extensão de 6,3 quilômetros – do Canal da Avenida Paraná ao Balneário Flórida. “Essa fase do projeto foi concluída antes do tempo previsto, em menos de quatro meses”, comemora o Geólogo Everton Souza, secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest).

Mas esta é apenas uma das intervenções previstas no plano de Obras de Recuperação da Orla de Matinhos. O objetivo, segundo o secretário, é recuperar os impactos causados pela erosão marinha e minimizar os efeitos das cheias e alagamentos, além de revitalizar a infraestrutura.

“A combinação do desequilíbrio de sedimentos, ocupações mal planejadas e ressacas vêm destruindo e comprometendo boa parte da infraestrutura urbana, turística e de lazer no município. Para minimizar esses impactos, estão sendo investidos R$ 314,9 milhões em todas as intervenções na orla – do Canal da Avenida Paraná ao Balneário Flórida -, além do trecho de 1,4 quilômetros em que estão previstos adequações e reparos dos taludes – do Canal da Avenida Paraná ao Morro do Boi”, detalha Souza.

Segundo ele, ao todo, além da engorda, serão feitas obras de macro e microdrenagem; revitalização urbanística com pistas de caminhadas, ciclovias, acessibilidade, replantio de restinga nativa, plantio de árvores nativas, entre outras melhorias. Também será construído um espigão na Praia Brava; dois pontos de terra projetados para o mar – headlands – em Balneário Riviera e Balneário Flórida; e dois guias-correntes no Canal da Avenida Paraná e Canal do Rio Matinhos.

“As intervenções tiveram início em março deste ano e devem ser finalizadas em 32 meses. A primeira fase, da engorda, já foi finalizada com a draga Galileo Galilei. Agora, os trabalhos seguem em outras frentes e na estabilização da areia”, descreve o secretário.

Entre os desafios, Souza cita os fenômenos meteorológicos. “Não tem como evitar que aconteçam. Um exemplo foi o último ciclone registrado no Litoral. São fenômenos imprevisíveis no que tange o seu grau de força”, afirma.

O projeto foi desenvolvido pelo Instituto Água e Terra (IAT) e analisado pela equipe multidisciplinar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura, e é executado pelo Consórcio Sambaqui, vencedor da licitação. As obras são fiscalizadas e acompanhadas pelo IAT.

ANÁLISE

O Engenheiro Civil e Ambiental e professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eduardo Felga Gobbi, participou desde o início da discussão sobre o projeto para a engorda de Matinhos. Inclusive, o projeto foi citado como exemplo em sua tese de doutorado em 1997. “Desde então esta ideia foi amplamente debatida até se chegar ao atual status. É um projeto embasado, amadurecido e fundamentado. Passou por todos os procedimentos legais de aprovação”, afirma.

Sobre as dúvidas que surgiram em relação aos degraus que apareceram na obra, Gobbi diz que esse é um processo natural que acontece nas praias, sejam elas com projetos de engorda ou não. “Quando temos ondas mais agressivas, essas tendem a provocar a formação desses degraus. Como exemplo podemos citar os degraus que se formaram recentemente nas praias do Estaleirinho (SC) e do Arpoador (RJ), em praias que não foram engordadas. Claro, que onde foi feita a obra da engorda a areia é mais nova e mais suscetível a este processo. Também é importante destacar que mudanças climáticas futuras deverão exigir um monitoramento permanente dessas praias”, explica.

TCE

O Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), está cumprindo seu papel e analisando o processo da Concorrência nº 2/2021 que tem como objeto a execução das obras de recuperação da orla de Matinhos. Foi solicitado ao IAT providências para garantir que os projetos executivos desenvolvidos concomitantemente às obras estejam tecnicamente fundamentados em informações suficientemente detalhadas, compatíveis com a finalidade e o vulto da obra, assim como com a modalidade e o regime de execução adotados, em conformidade com a legislação vigente. A questão está em andamento e cabe recurso.

Números interessantes

Engorda

6,3 quilômetros de recuperação da orla e 3 milhões de metros cúbicos de areia depositados – o equivalente a 220 mil caminhões.

Guias-correntes do Canal da Avenida Paraná – Uma estrutura com 161 metros de comprimento e outra com 207 metros (36 mil metros cúbicos de geotubo; 56 mil metros cúbicos de pedras e 12 mil metros cúbicos de concreto, além de 1298 tetrápodes utilizados). 

Guias-correntes do Canal do Rio Matinhos – Uma estrutura com 180 metros de comprimento e outra com 327 metros (42 mil metros cúbicos de geotubo; 44 mil metros cúbicos de pedras e 10 mil metros cúbicos de concreto, além de 1700 tetrápodes utilizados).

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2 comentários em “Nova orla de Matinhos

  1. Rafael Êrico Kalluf Pussoli CREA 23.496/D-PR disse:

    A resportagem e a revista como um todo está excelente!Parabéns ao competente e dinâmico Presidente Professor Engenheiro Civil Ricardo Rocha de Oliveira e a toda sua equipe !Leitura fácil e de muito qualidade e excelência dos Engenheiros citados e entrevistados !Agrega muito !Publicação ímpar !

    1. Crea-PR disse:

      Olá, Rafael. Tudo bem?
      Ficamos muito felizes de ver seu elogio! Agradecemos seu comentário, mesmo, Rafael. Seria possível o sr. liberar a divulgação desse comentário nas nossas mídias? Seria importantíssimo.

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