Visão holística é novo desafio da EST
Engenharia de Segurança no Trabalho (EST) exige novas habilidades para se adequar às exigências do mercado

Mudanças significativas estão acontecendo na área de Engenharia dee Segurança no Trabalho (EST). “O profissional hoje precisa olhar muito além dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e ver a empresa onde trabalha como um todo”, define o Engenheiro de EST José Aparecido Leal, inspetor do Crea-PR em Ponta Grossa.
Segundo ele, o Engenheiro deve se envolver em toda a operação da empresa desde o projeto. “O primeiro que deve se envolver é o Engenheiro de EST. E este profissional deve estar apto a levantar todos os eventuais riscos envolvidos no projeto que está sendo feito e já sugerir correções e adaptações nesta etapa”, afirma Leal.
Para o Engenheiro de EST Nilton Camargo Costa, coordenador da Câmara Especializada de Agrimensura e Engenharia de Segurança do Trabalho do Crea-PR, o período da pandemia mostrou aos empresários o verdadeiro papel dos Engenheiros de EST. “Isso ficou muito evidente nos hospitais, por exemplo. Antes o Engenheiro falava da importância da máscara, da luva e outros EPIs e nem sempre era levado tão a sério. Com a chegada do Covid todos se conscientizaram e viram, na prática, como é importante a prevenção”, explica.
Costa completa que a urgência da situação trouxe até outros perigos. “O desespero levou todos a distribuir álcool, muitas vezes líquido, sem os devidos cuidados tendo um sério risco de causar incêndios”. Para ele, isso também demonstra que a EST é fundamental em qualquer empresa, independente do ramo de atuação e de seu porte.

“O conceito de olhar só para EPIs e cartazes pela empresa mudou. As NRs estão voltadas para um sistema de gestão e devem ser aplicadas desta forma” – Eng. EST José Aparecido Leal
Normas Regulamentadoras
Leal avalia que a área de EST está bem ancorada em Normas Regulamentadoras (NRs) que regem as atividades, a questão é que falta, segundo ele, olhar as normas como um sistema de gestão. “O conceito de olhar só para EPIs e cartazes pela empresa mudou. As NRs estão voltadas para um sistema de gestão e devem ser aplicadas desta forma”. Mas, completa, “ainda falta consciência a muitos empresários e capacitação e informação mais completa aos Engenheiros”.
Conheça as principais normas
NR-01 Disposições e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO)
NR-05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
NR-06 Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
NR-07 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO);
NR-09 Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos;
NR-17 Ergonomia;
NR-18 Indústria da Construção;
NR-19 Explosivos
NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais do Trabalho
NR-30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário.

Gestão de pessoas
Outra característica que tem sido exigida dos Engenheiros de EST é que eles saibam gerenciar pessoas. “É muito importante para que o profissional consiga gerar mais engajamento dos funcionários. Porque é desta forma que se obtém resultados expressivos”, evidencia Costa.
Leal concorda: “é fundamental envolver o funcionário no desenvolvimento desta gestão para que ele se sinta parte do processo, para que ele compreenda verdadeiramente a EST no seu dia a dia”.
E ele, que também é professor, destaca a importância de utilizar a andragogia, ou seja, envolver as pessoas no projeto de SST para que elas se sintam valorizadas e se orgulhem de seguir as normas. Isso vai muito além de somente fazer palestras, cartazes, distribuir EPIs e cobrar”, destaca.
Para ambos os entrevistados é um caminho sem volta, mas a realidade ainda está longe do ideal. Muitas empresas, principalmente as maiores, já conseguem implantar uma cultura de gestão em EST, mas isso ainda é raro em empresas menores e também ainda é pouco abordado nas universidades.
Aumento de óbitos e acidentes de trabalho preocupam
O número de óbitos e acidentes do trabalho vêm aumentando no Brasil. Foram registrados 2,5 mil óbitos e 571,8 mil Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) em 2021. Um aumento de 30% em relação a 2020. Entre 2012 e 2021, foram registradas 22,9 mil mortes e 6,2 milhões de CATs no mercado formal de trabalho brasileiro.
Os dados são do Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho (SmartLab), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) e mostram também os impactos econômicos. Segundo a plataforma SmartLab, no mesmo ano, houve mais de 153,3 mil concessões de auxílio-doença acidentário e 4,1 mil aposentadorias por invalidez decorrentes de acidentes. Conforme o INSS, os gastos com benefícios previdenciários foram de R$ 17,7 bilhões em auxílios-doença acidentário e de R$ 70,6 bilhões em aposentadorias pela mesma causa.
(Com informações da Justiça do Trabalho TRT 4 Região – RS)

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